segunda-feira, 1 de março de 2010

Natureza castiga o Chile e os chilenos

Terremoto de 8,8 graus arrasa região Centro-Sul do Chile


Natasha Pitts *

No último sábado (27), mais um terremoto de grande magnitude provocou perdas humanas e materiais. O tremor de 8,8 graus na escala Richter deixou 711 pessoas mortas e cerca de dois milhões de danificados no Chile. Após a reação popular de saquear lojas e supermercados pela ausência de rápida ajuda do Governo, a presidente chilena Michelle Bachelet decretou "estado de catástrofe" durante 30 dias na região de Maule e na província de Concepción.

Dezenas de prédios, entre eles casas, hospitais e escolas, vieram abaixo. Também foi registrada a queda de um presídio, fato que permitiu a fuga de cerca de 50 detentos. Exército, polícia, bombeiros e voluntários estão nas ruas para resgatar possíveis sobreviventes e tentar conter os ânimos da população.

"O passar das horas permitiu-nos demonstrar que estamos ante uma catástrofe de magnitude impensada, que provocou danos que vão requerer gigantescos esforços mancomunados de todos os setores do país, privados e públicos, não só agora, senão por um tempo bastante importante por diante", disse Bachelet.

A presidente também afirmou que, junto a grandes cadeias de supermercados, está organizando a entrega gratuita de mantimentos de primeira necessidade nas regiões de Maule, BioBío e algunos setores de La Araucanía. A entrega será feita de forma ordenada nos lugares em que as autoridades locais dispuserem.

A determinação da presidente de decretar o estado de catástrofe trás diversas implicações, sobretudo para a população. De acordo com a Constituição do Chile, durante o estado de catástrofe as decisões são tomadas pelas Forças Armadas e a democracia civil pode ser suspensa até que seja restabelecida a normalidade nas zonas afetadas. O que implica, inclusive, na suspensão da liberdade de locomoção e reunião.

No momento, nas regiões mais afetadas está implantado um toque de recolher. Em Concepción, o exército chileno vigia as ruas para que a população não saia de casa no intervalo que vai das 21h até as 6h. Os que não estão respeitando o toque de recolher e o "estado de catástrofe" estão sendo detidos pelos militares.

Mesmo com o registro de 160 pessoas detidas desde o sábado até o momento, o subsecretário do Interior afirmou que não foram registradas situações de alteração significativa em nenhuma parte. "Percorri até tarde diferentes pontos da cidade de Concepción e apreciava-se que a população colaborou e entendeu o sentido da medida que se adotou ontem", relatou Patricio Rosende à 123 CL.

Diversas organizações do país já estão se mobilizando para dizer ‘não’ ao estado de catástrofe e ao toque de recolher. A medida, segundo declaração da Liga Operária do Chile, se sustenta apenas para "proteger a segurança da classe patronal ante os focos de saqueio cada vez mais evidentes". Entidades estudantis, de mulheres, de trabalhadores, entre outras estão fortalecendo esta reivindicação e pedindo também a retirada do poder das mãos das Forças Armas e de sua patrulha das ruas.

Indígenas cobram atenção

As comunidades indígenas localizadas nas proximidades de Concepción também sofreram fortemente os efeitos do terremoto. Apesar não haver o registro de vítimas fatais entre os indígenas, sobretudo na Comunidade Autônoma Juan Quintremil muitos perderam suas casas e objetos pessoais e estão apenas com a roupa do corpo.

Mediante esta situação, os líderes mapuche exigem do Governo atenção econômica imediata, em especial para as populações mais afetadas e as regiões mais empobrecidas.

Concepción está entre as quatro províncias que constituem a região de Biobío, e se encontra no centro sul do Chile, parte mais afetada pelo terremoto. A cidade tem relevância econômica por sediar o mais importante pólo industrial do país. Também concentra a maior parte da população regional e reúne todas as comunidades que formam a Gran Concepción.

Segundo informações da agência de notícia Servindi, o terremoto do último sábado foi o segundo mais forte da história do Chile. Em 1960, a cidade de Valdivia foi devastada por um tremor de magnitude 9,6 na escala Richter.



* Jornalista da Adital- www.adital.com.br

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