quarta-feira, 31 de março de 2010

Eles tem mêdo de que ?

Governo panamenho suspende definitivamente ajuda médica de Cuba


Adital -

Nos primeiros dias do mês de janeiro, a iniciativa cubana de atenção oftalmológica conhecida como Operação Milagre foi suspendida no Panamá. A justificativa do Governo é que os médicos já cumpriram seu papel deixando um saldo positivo no país. O programa cubano será substituído pela iniciativa nacional Visão 20-20.

Ao longo de mais de quatro anos de atuação no Panamá, a Operação Milagre beneficiou 44 mil 486 pessoas, sendo a maioria delas de baixo poder aquisitivo e sem condições de arcar com consultas particulares. Os tratamentos de catarata, retinopatia diabética, pterígio, degenerações periféricas da retina e glaucoma de ângulo estreito eram realizados no Centro Oftalmológico localizado em Veraguas.

De acordo com o jornal Granma ,com a saída da equipe médica, cerca de 40 mil pessoas deixaram de receber tratamento oftalmológico especializado e gratuito. Já para os 22 pacientes que estavam com seus procedimentos cirúrgicos agendados, a embaixada cubana ofereceu a possibilidade de serem levados a Cuba de forma totalmente gratuita para realizarem o tratamento.

Mesmo com os evidentes resultados positivos e após diversas reuniões com as autoridades panamenhas, a decisão de pedir o afastamento imediato dos médicos e a retira dos equipamentos continuou mantida. Segundo informações da Prensa Latina, a equipe da Operação Milagre sairá do país com a satisfação "de haver contribuído com a elevação dos níveis de saúde" do povo panamenho.

O Governo panamenho fixou 30 de abril como a data limite para que os médicos pudessem se retirar do país. Contudo, a decisão da equipe foi a de deixar o Panamá de imediato e sair "de onde não os querem". A brigada composta por 16 médicos retornou a Cuba na tarde desta terça-feira (2) e foi recebida com as boas vindas por parte do vice-ministro de Saúde Pública, Roberto González.

"Vocês chegam orgulhosos do trabalho cumprido, chegam cheios de histórias de alegria e de dor. De alegria por ter podido atender a milhares de pacientes, em sua maioria indígenas, camponeses, e gente de baixos recursos. Mas também vêm com a dor de outras histórias que não puderam deixar resolvidas de outras milhares de pessoas que também tinham suas esperanças postas nesta Operação".

Segundo o jornal Granma, ainda na ocasião das boas vindas, Roberto González recordou que o fim da Operação Milagre no Panamá foi uma decisão unilateral do Governo do país. Ainda assim, a doutora Odalys González Peña, chefe da Missão Médica panamenha reafirmou a disposição de sua equipe de continuar saldando "nossa própria dívida com a humanidade, onde quer que nos designe".

O Governo panamenho tem receio que esta oferta gratuita de serviços médicos à população seja perigosa, já que Cuba é independente e não se rende ao Império. Outro forte motivo para o pedido de retirada da Operação Milagre é a substituição pelo Comitê Visão 20-20, do qual está à frente a Primeira Dama e funcionários da Caixa de Seguro Social e do Ministério de Saúde. Conforme informações de Frenadeso Notícias, além da esposa do presidente Martinelli, a oftalmologista Ivonne Matute de Martinelli também está à frente do novo projeto.

terça-feira, 30 de março de 2010

Hugo Chaves recebe Manuel Zelaya

Mandatário hondurenho deposto se reúne com Hugo Chávez na Venezuela


Adital -

O presidente deposto de Honduras, Manuel Zelaya, reúne-se hoje (5) com o mandatário venezuelano Hugo Chávez. Segundo informações da Telesul, o encontro acontecerá no palácio presidencial de Miraflores, em Caracas, na Venezuela. A passagem de Zelaya pelo país sul-americano faz parte de uma série de visitas que será realizada na América Latina para manter o posicionamento contra o golpe de Estado hondurenho.

De acordo com informações de El Nacional, a reunião de Zelaya e Chávez acontecerá no decorrer do dia de hoje, após o cancelamento de uma coletiva de imprensa prevista para acontecer nesta manhã. O ex-mandatário hondurenho chegou ontem (4) a Caracas, onde realizou um "ato" para o qual a imprensa não foi convidada.

Além de Chávez, Zelaya ainda pretende reunir-se com os presidentes da Nicarágua, Daniel Ortega; da Guatemala, Álvaro Colom; e de El Salvador, Mauricio Funes. Após os encontros, viajará a Estados Unidos e Espanha.

O anúncio das visitas foi dado no dia 18 de fevereiro pelo próprio ex-mandatário hondurenho, em Santo Domingo, na República Dominicana. Na ocasião, Zelaya participava de uma reunião com deputados do Parlamento Centroamericano (Parlacen) para debater sobre a entrada dele no organismo regional.

A ideia das visitas é discutir a situação de Honduras e a necessidade de assegurar a democracia na região. Além disso, aproveitará a ocasião para também conversar com os mandatários centro-americanos sobre a entrada dele no Parlacen.

Os encontros estavam programados para começar na quinta-feira passada (25). No entanto, no mesmo dia, um dos colaboradores de Zelaya, Rasel Tomé, afirmou que o presidente deposto, "hóspede distinto" da República Dominicana, havia adiado as visitas a Venezuela e a vários países da América Central, sem confirmar a novas datas das visitas.

O colaborador do ex-mandatário também desmentiu os boatos de que Zelaya se apresentaria como candidato dos países da Aliança Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) para a Secretaria Geral da Organização de Estados Americanos (OEA). Até agora, José Miguel Insulza, atual secretário do organismo, é o único candidato para as eleições que acontecerão no próximo dia 24 de março.

Fonte: Telesul e El Nacional

segunda-feira, 29 de março de 2010

Local de Tortura vira Centro Cultural - Argentina

34 anos do golpe argentino: Local de tortura vira centro cultural.


Depois de uma longa disputa, a presidente Cristina Kirchner inaugura nesta quarta (24), 34° aniversário do golpe militar, um centro cultural dentro da Esma (Escola de Mecânica da Marinha), onde milhares de pessoas foram presas e torturadas durante a última ditadura na Argentina (1976-1983), que ajuda não a esconder, mas a superar os traumas da repressão na sociedade argentina.
Até setembro de 2007, funcionava no prédio o centro de Estudos Estratégicos da Escola de Guerra Naval. Na época, o lugar estava marcado por décadas de descuido e pela atmosfera militar. Em março de 2004, o então presidente Néstor Kirchner expulsou a marinha do local e ordenou que a Esma fosse transformada em um espaço para a memória e a defesa dos direitos humanos.

Na época, a decisão provocou controvérsia. Por um lado, a direita denunciava o “espírito revanchista” do governo e acusava as organizações guerrilheiras, como os Montoneros, de também serem responsáveis pelos chamados “anos de chumbo”. Por outro, imobiliárias criticavam o “desperdício” de não construir um empreendimento no terreno da escola, em um bairro onde metro quadrado é valorizado.

Até as organizações de direitos humanos, que comemoraram o gesto simbólico, não conseguiam chegar a consenso sobre o que fazer com a Esma. Algumas associações de ex-presos e de parentes de desaparecidos defendiam deixar tudo como estava, sem intervenções. Para elas, organizar concertos em um lugar de tortura e morte seria escandaloso.

“Era uma ideia dificilmente aceitável: como explicar para a sociedade que expulsamos tantas entidades da marinha para não fazer nada num local tão grande?”, questiona o diretor do centro, Eduardo Jozami. Para ele, as atividades culturais não desrespeitam a memória das vitimas. “Ao contrário: é uma maneira de convocar mais pessoas para podermos dizer ‘nunca mais’”, argumenta.

O centro, hoje, leva o nome de Haroldo Conti, escritor argentino desaparecido na ditadura, e é o primeiro prédio da Esma a abrir atividades para o público. O local já acolhe diversas atividades: projeções de filmes, exposições, seminários, prêmios literários e cinematográficos. As perspectivas, porém, mudaram totalmente depois da conclusão das obras.

O espaço foi planejado para grandes instalações de arte contemporânea. O galpão principal deu lugar a um teatro com capacidade para 400 espectadores, com um palco móvel. Ao lado, há um cinema para até 100 pessoas. Em frente, uma sala de exposição ostenta um pé direito de 14 metros. Na sala ao lado, será instalada a exposição permanente, constituída por doações de pintores.

“Não existe nenhuma outra sala desse tipo em Buenos Aires”, explica Silvia Yulis, que trabalha no centro cultural há dois anos e destaca ainda a biblioteca com mais de 5,5 mil livros sobre direitos humanos.

Uma das primeiras obras expostas é um carro Ford Falcon desmontado e pintado de branco. Batizada como “Autores Ideológicos”, a peça usa um automóvel que estacionava em frente às casas dos militantes de esquerda para sequestrá-los e aterrorizar a vizinhança, e virou símbolo da ditadura argentina. O desmonte do carro pelos artistas, peça por peça, pode ser visto como uma “autópsia, um exame que procurar encontrar causas para a dor das vitimas”, segundo Jozami.

Divisão

Por causa da cisão e das divergências entre as entidades de direitos humanos, a direção do local distribuiu os prédios entre elas. As Mães da Praça de Maio dedicarão seu espaço à musica popular. Já a Associação das Mães, grupo dissidente presidido por Hebe de Bonafini, abriu o Espaço Cultural Nossos Filhos, instituto de educação na área de direitos humanos.

A associação dos parentes de desaparecidos pretende fazer um anexo do departamento de ciências sociais da Universidade de Buenos Aires e criar um mestrado orientado para direitos humanos. A Unesco instalará atividades em outro local, assim como o Canal Encuentro, ligado ao ministério de Educação. O complexo receberá ainda o Arquivo da Memória, que hoje funciona em edifícios separados na capital argentina.

A dificuldade para organizar todas as atividades da Esma vem desta dispersão. O trabalho também é prejudicado pela estrutura tripla da comissão que dirige o antigo centro de detenção: de um lado, há as organizações de direitos humanos e suas reivindicações contraditórias; de outro, vêm o governo nacional e a cidade de Buenos Aires, que são inimigos políticos. A eleição do prefeito conservador Mauricio Macri em 2007 complicou as negociações. E a Casa dos Oficiais – o local das torturas, chamado de “Cassino” – será mantido intacto, apenas com cartazes explicativos.

A originalidade do Centro Cultural Haroldo Conti é ser o único a depender totalmente do governo nacional argentino. Ainda não dispõe de orçamento próprio, mas Jazumi reconhece que as autoridades sempre deram a possibilidade de financiar a programação. Acima de tudo, o governo pagou todas as obras.

Memória estendida

A curadoria também é uma tarefa delicada. “Temos uma visão dos direitos humanos e da memória muito ampla. Queremos evocar os problemas de direitos humanos hoje, como moradia, imigração, e não só os da ditadura. Também entendemos a memória como estendida a toda a história argentina”, explica Jazumi.

É por isso que o cinema já projetou o filme A Criança, dos irmãos belgas Jean-Pierre e Luc Dardenne e Adeus, Lênin!, do alemão Wolfgang Becker. “Não dá para convidar o público para assistir só a filmes como Garage Olimpo, porque ninguém aguenta”, resume o diretor, em referência à obra de Marco Bechis sobre a tortura em outro centro de detenção.

“É muito reconfortante, para a gente, ver que este lugar, estas paredes, estes corredores, tudo que abrigou as piores coisas que um ser humano é capaz de fazer, guardam hoje nossa história e nossa memória, e estarão abertos a todos que quiserem saber”, emociona-se a mulher de um desaparecido, que prefere manter anonimato.

Para ela, que ficou muito abalada após ter visitado o “Cassino”, conhecer as instalações traz vida e energia. “Fazemos tudo que podemos para homenagear nossos companheiros que não estão mais aqui, honrando a história e a memória deles, com a certeza de que lutar pela verdade e pela justiça não é em vão, apesar da lentidão do processo”, conclui.

Fonte: Opera Mundi

Leia também: Por dentro da escola de tortura argentina

quinta-feira, 18 de março de 2010

Formando Seres Humanos válidos

Escola Latino-Americana de Medicina tem uma matrícula de 10 mil estudantes


A Escola Latino-Americana das Ciências Médicas (ELAM) de Cuba completou dez anos de criada e conta com uma matrícula de 10 mil estudantes de dezenas de países, que recebem a preparação acadêmica sem custo algum para os seus familiares.

"A nossa matrícula atual é de perto de 10 mil jovens. Já fizemos cinco formaturas (dos que concluiram o programa de seis anos) com 7.248 formados de 28 países", comentou a vice-reitora acadêmica, Midalys Castilla.

Atualmente, estudam jovens de 55 países — pois entraram alguns de países africanos e até de pequenas ilhas do Pacífico — e 75% deles são filhos de operários e camponees; além de estarem presentes bolsistas de 104 comunidades originárias da América Latina.


A única coisa que se exige aos jovens (com idades que flutuam entre 17 e 25 anos) é que, após formados, retornem a suas localidades ou bairros humildes para trabalharem nelas e retribuírem o aprendido.

Com os primeiros 34 jovens estadunidenses formados criou-se uma situação tal que obrigou a ELAM a obter um credenciamento da Junta Médica da Califórnia, para que seus títulos tivessem valor. Atualmente, estudam nesse centro 113 jovens desse país.

Ainda, em Cuba há 11 000 bolsistas do projeto ALBA, da Aliança Bolivariana para as Américas, formada pela Venezuela, Bolívia, Equador e otros países.

De início, "houve uma forte resistência nalguns países por parte dos Colégios Médicos", disse a vice-reitora acadêmica, durante um percurso pelas instalações da ELAM, na periferia de Havana.

Indicou que a preocupação das associações de médicos foi diminuindo, na medida em que perceberam que esses colegas retornavam a seus povoados, aonde realmente outros médicos não tinham interesse de trabalhar.

"Inclusive, governos da região que reagiram com desconfiança perante o projeto — disfarçada ou não —modificaram depois a sua percepção", disse Castilla.

Em países como Honduras, México, Brasil e Argentina os próprios jovens têm que batalhar para que seus títulos sejam reconhecidos. Porém, aos poucos, as universidades, as associações médicas e os governos têm vindo a ceder. Em troca, em Espanha, o reconhecimento do diploma é automático.

"Estamos num momento importante quanto à validação do programa", disse Castilla,

As aulas começaram em fevereiro de 1999 com 1.900 jovens, nomeadamente da América Central. Na época, a passagem de dois furacões abalou duramente as populações pobres dos países dessa região.

O então presidente Fidel Castro assegurou que tinha chegado a hora de começar a formação de profissionais "humanistas" comprometidos com suas comunidades, um verdadeiro "exército de batas blancas".

Atualmente, os estudantes e os já formados trabalham com o objetivo de fundar uma associação internacional que os reúna.

Fonte: Patria Latina- online

terça-feira, 16 de março de 2010

Trabalhadores do México, em luta por melhores condições

Grande greve nacional reivindica melhores condições de vida e trabalho


Natasha Pitts *

Adital -

Amanhã (16), centenas de trabalhadores de organizações sociais, sindicais e políticas farão uma grande greve política nacional para evidenciar as violações aos direitos constitucionais praticadas pelo governo do México. Motivados pelas palavras de ordem "Ou são eles ou somos nós", os grevistas reivindicarão melhores condições de trabalho, salário digno, redução de impostos, entre outras demandas.

Bandeiras vermelhas e pretas serão colocadas em casas, escolas, bairros populares, centros de trabalho e comunidades agrárias para mostrar o repúdio da população às medidas governamentais que têm deixado os cidadãos em último plano.

Em convocação, a Assembleia Nacional de Resistência Popular (ANRP) assinala que a mobilização é uma oportunidade para deter a atuação daqueles que retiram do povo os seus direitos. Por isso, chamam "à participação em todos os cantos da pátria para que paralisem a produção, a distribuição de mercadorias, a que ocupem as terras que lhes foram arrebatadas, a tomar os caminhos, a protestar nas praças, nos vales e caminhos, armados da razão e da confiança na luta".

Entre as principais reivindicações desta mobilização nacional estão a redução da carga de impostos que recaem sobre o setor alimentício e de serviços públicos; criação de um programa nacional de empregos, alimentação e moradia; aumento salarial em regime de urgência; solução imediata às greves mineiras de Cananea, Sonora, Sombrerete, Zacatecase, Taxco e Guerrero; respeito à Constituição e à Lei Federal do Trabalho; além de reconhecimento à autonomia sindical.

Outras demandas estão relacionadas à oferta de serviço médico universal; não privatização do petróleo, água, minerais e eletricidade; criação de programas que garantam a erradicação da pobreza e a soberania alimentar; solução para os afetados pelas mudanças climáticas; respeito aos povos indígenas, liberdade aos presos políticos; castigo para os violadores dos direitos humanos e retorno dos militares a seus quartéis.

A grande greve nacional, além de lutar por melhores condições de vida e trabalho, pretende evidenciar a situação de descaso do governo de Felipe Calderón, que, junto à classe empresarial do país sujeitou a população a viver "no limite da sobrevivência e do enfrentamento".

Em comunicado divulgado no site Rebanadas de Realidad, a Assembleia Nacional de Resistência Popular comprova a difícil situação do país ao assegurar que em três anos o número de pobres cresceu mais de 10 milhões. A população jovem também está esquecida, pois cerca de 8 milhões necessitam de escola e oportunidades para ingressar no mercado de trabalho. "O crescimento econômico de México é o mais baixo de América Latina e o pior em toda a história moderna (...)", denunciam.

Os trabalhadores do Distrito Federal estarão mobilizados a partir das 7h, no Museu da Tecnologia. As ações da greve nacional acontecerão em pelo menos 25 estados mexicanos, sendo as atividades principais realizadas em Cananea e Sonora, e ao redor dos 300 centros de trabalho do Sindicato Mexicano de Eletricistas (SME).

* Jornalista da Adital

sexta-feira, 12 de março de 2010

Nenhuma delas é cubana !

Nenhuma delas é cubana!


Marcus Eduardo de Oliveira *

Fonte: Adital

Mesmo para os que são desprovidos de qualquer conotação ideológica ou sectarismo político-partidário, ao desembarcar no aeroporto José Martí, Havana, tem-se, forçosamente, uma primeira impressão social de Cuba. Nas proximidades do aeroporto há um grande cartaz com os seguintes dizeres: "Hoje, 200 milhões de crianças vão dormir nas ruas das grandes cidades do mundo. Nenhuma delas é cubana!".
Em busca da veracidade dessa informação, aquele que se embrenhar na sociedade cubana descobrirá um país corajoso, emblemático e, ao mesmo tempo, carente, sofrível. Assim é Cuba. Um país que, indiscutivelmente, ao longo do século XX, jogou luz no cenário político mundial, ora protagonizando a tomada do poder pela via revolucionária; ora, antes desse acontecimento, servindo de cassino aos magnatas ianques; ora instalando mísseis apontados para os EUA; ora sendo invadida por forças descontentes com o sistema político implantando desde a vitória da revolução. Assim é Cuba, la perla del Caribe, que muitos amam, muitos odeiam, muitos simpatizam e outros tantos hostilizam. Assim é Cuba, de Fidel, Che, Rául, da Revolução, de um povo simples e aguerrido.


Longe de ser um paraíso socialista, Cuba soube se afastar, habilmente, das agruras capitalistas. Seu modelo econômico, mesmo diante das dificuldades obstaculizadas por um embargo econômico que ultrapassa meio século, soube assegurar primeiramente as conquistas sociais; diferentemente de modelos capitalistas que insistem em ignorar o ser humano e centram-se apenas na acumulação de capital. Todavia, nos faltaria espaço aqui para discurtirmos, pormenorizadamente, as diferenças entre esses dois pólos (capitalismo x socialismo). Não é esse o fito deste artigo. O que aqui se pretende é tão somente contextualizar a importância de se resgatar certas prédicas. Uma delas é a de que todos são iguais, e os direitos, por consequinte, são para todos: rico ou pobre, branco ou negro, homem ou mulher, capitalista ou socialista. Outra dessas prédicas refere-se ao fato de que a desigualdade - tanto econômica quanto social -, é sempre algo imposto, forçado, nunca é de caráter natural; afinal, ninguém é pobre por que assim deseja ser.

Reza a "cartilha democrática", legada pelos gregos desde priscas eras, que as diferenças devem ser atenuadas. Nesse pormenor, vale lembrar que na tragédia grega "Suplicantes", Eurípedes faz Teseu - lendário rei de Atenas e fundador da democracia -, proclamar que "pobre e rico têm os mesmos direitos. O fraco pode responder ao insulto do forte e o pequeno, caso tenha razão, vencerá o grande".

De tal forma, os que estão do lado da riqueza e, por isso, tiveram a sorte de escapar da pobreza, cabe considerar tal fato não como prêmio, mas sim como responsabilidade para com aqueles que sofrem os dramas da miséria. O que definitivamente falta entender é que o verdadeiro projeto de vida não pode se basear no "ter", mas sim no "ser".

Mesmo sendo considerado um país pobre, no sentido de desenvolvimento econômico, com poucos recursos naturais, é de se enaltecer o tratamento que Cuba dispensa às suas crianças e aos idosos. Assim como é igualmente enobrecedor saber que apenas 2% da população não estão alfabetizadas, visto que desde 1961 a "Campanha Nacional pela Alfabetização" fez triunfar nos rincões cubanos o direito a todo e qualquer cidadão/cidadã de saber ler, escrever e entender as básicas noções do aprendizado.

Diante disso, talvez o ser humano possa refletir que para triunfar na vida, as vezes não é tão importante chegar em primeiro. Para triunfar é necessário simplesmente chegar, levantando-se do chão cada vez que se cai pelo caminho. Ao longo dos últimos 50 anos vários foram os "tombos" tomados por Cuba, mas em todas essas ocasiões, esse país soube se levantar.

Se, de um lado somos sabedores que a força econômica produziu os primeiros escravos, e a escravidão, ao degradar suas vítimas, perpetuou a servidão, sabemos, do outro lado, que para tratar bem as crianças e os idosos não precisa ser rico, basta ter compromisso com a dignidade. Isso Cuba sabe fazer muito bem.

Autor dos livros "Conversando sobre Economia" (Ed. Alínea) e "Provocações Econômicas" (no prelo).


* Economista e professor universitário. Mestre pela USP em Integração da América Latina e Especialista em Política Internacional

Haitianos, continuam em desespero

Haiti e as falsas promessas da reconstrução
Rede Brasil

Fonte: Adital

A socioeconomista Sandra Quintela explicita o que há por trás da iniciativa de governos e instituições financeiras de investirem no Haiti: garantir o atendimento dos interesses das transnacionais, dos bancos e, principalmente, o controle do território em uma área estratégica para as grandes potências
Depois de 45 dias que o terremoto no Haiti matou mais de 150 mil pessoas e desalojou mais de um milhão de homens, mulheres e crianças, o presidente Lula chegou ao país mais pobre do Ocidente (posição que o Haiti ocupava mesmo antes dessa catástrofe).

Em sua terceira visita ao país, Lula levou na bagagem o anúncio de R$ 375 milhões em doações, projetos para a construção de uma hidrelétrica, de frentes de trabalho e de fundação de escolas técnicas haitianas inspiradas no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai). Ao mesmo tempo em que o G7, o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o Clube de Paris, além de alguns governos, anunciam o desejo de cancelar a dívida externa haitiana, o presidente Lula reforçou o pedido de "perdão" da dívida de US$ 1,3 bilhão pelos organismos internacionais e países credores.


Até agora, a única confirmação de cancelamento foi feita pelo governo da Venezuela, de um montante de US$ 395 milhões. O Clube de Paris, grupo informal de Estados credores que inclui todos os membros do G7, é credor de uma dívida de US$ 214 milhões. Do total da dívida externa do Haiti, a maior parte foi contraída com o BID (US$ 441 milhões) e um grande montante com o Banco Mundial. Encontrar esses dados e confirmá-los não é tarefa fácil. Nas páginas do FMI, Banco Mundial e BID, as informações não batem. Por outro lado, encontram-se ali dados que nos chamam a atenção. Como, por exemplo, esse: "Os pagamentos de juros da dívida por parte do Haiti ao BID de 2009 a fins de 2011 estão cobertos por recursos de um fundo respaldado pelos Estados Unidos. Portanto, a dívida do Haiti ao BID não está causando nenhuma saída de fundos do país"(1).

Em maio de 2008, o Congresso dos Estados Unidos da América (EUA) aprovou a PL 110-24 /"Farm Bill", que incluía o projeto de lei HOPE prorrogado - o HOPE II. O HOPE (Haitian Hemispheric Opportunity ou Oportunidade Hemisférica Haitiana) é um projeto que visa basicamente criar Zonas Francas para a produção de têxteis, ampliado para a inclusão de bagagem, chapéus e roupas de dormir. Em 17 de setembro de 2009, o Brasil ratificou com os Estados Unidos um plano para o estabelecimento de plantas industriais no Haiti, no bojo do HOPE. Essa iniciativa permite a exportação livre de impostos para os dois países de bens produzidos no Haiti.

Será que por esta, dentre outras razões, os juros ao BID são pagos pelos EUA? Esse benefício também explicaria a "generosidade" do presidente Lula em concretizar os projetos de construção civil, considerando ainda que em sua última visita ao país, em maio de 2008, levou em sua comitiva representantes da Odebrecht, da Andrade Gutierrez e da Camargo Corrêa?

Com o terremoto e um país ainda mais destruído abrem-se, do ponto de vista do capital, grandes oportunidades de negócios. Edifícios, casas, ruas, sistemas elétricos, tudo precisa ser reconstruído. Existe uma verdadeira corrida com a intenção de lucrar ao máximo com a miséria alheia. O que é, diga-se de passagem, da natureza do capitalismo. O chamado "cancelamento da dívida haitiana" é promessa antiga. Em junho de 2009, quase metade dela foi cancelada pelo Banco Mundial e pelo FMI. Uma das condicionalidades impostas por este "cancelamento" foi a privatização do sistema de telefonia que, todavia, é publico naquele país. Essa promessa se renova com a tragédia humana que vive o Haiti. O FMI promete um novo empréstimo de US$ 100 milhões. O mesmo FMI que nas ditaduras sangrentas dos Duvalier não cessou de enviar empréstimos externos, quando a comunidade internacional denunciava os crimes dessas e outras ditaduras em nosso continente. Todas financiadas com empréstimos externos.

O Banco Mundial tem atualmente 14 projetos ativos no Haiti, dentre eles - parece ironia - gestão de riscos de desastres. A eficácia de seus projetos é questionada desde os anos de 1980 por várias organizações locais e internacionais. O que foi feito com os empréstimos concedidos ao Haiti? Que controle exerce a sociedade organizada haitiana sobre sua formulação ou pertinência? É difícil levar a sério o suposto protagonismo que o BID (principalmente) e o Banco Mundial querem assumir no Haiti. Que legitimidade tem estes organismos? O que fizeram para combater a miséria ou melhorar as péssimas condições da infra-estrutura urbana e rural do país? Há décadas o Banco Mundial e o BID "investem" no Haiti.

O Haiti foi a primeira nação do mundo a abolir a escravidão. Por isso, ainda no início do século XIX, o Haiti foi obrigado, depois de um bloqueio econômico de dez anos imposto pela França, a assumir e pagar uma dívida externa de 150 milhões de francos-ouro (equivalentes a cerca de US$ 22 bilhões em valores atuais) em compensação à França pela "perda dos escravos" que se rebelaram e se libertaram da escravidão em 1804.

"Em 1994, o retorno do presidente eleito Jean Bertrand Aristide, que havia sido deposto em 1991 em um golpe de Estado, foi vinculado a uma articulação na qual Aristide deveria se submeter fielmente às políticas recomendadas pelo FMI listadas no denominado Consenso de Washington. O Haiti abriu suas fronteiras para produtos subsidiados pelos países do Norte, se convertendo em importador de alimentos em um processo de destruição da economia local, a fim de gerar grande contingente de desempregados e, assim, mão de obra barata e sem direitos trabalhistas, beneficiando as multinacionais"(2).

Enfim, muitas águas vão rolar sob o rio da reconstrução do Haiti. Os marines, soldados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah) -comandada pelo Brasil- estão lá com mais de trinta mil soldados. Eles não estão lá para garantir a reconstrução do Haiti focada nos interesses da população haitiana. A função deles é garantir o atendimento dos interesses das transnacionais, dos bancos e, principalmente, garantir o controle do território em uma área estratégica para as grandes potências. Apesar disso, e ignorando as inúmeras denúncias de violência e arbitrariedades e os apelos de movimentos sociais organizados haitianos para a retirada das tropas, ao discursar para os militares que estão atuando na missão de paz da ONU, o presidente Lula declarou que esta missão é motivo de orgulho para as Forças Armadas brasileiras.

O povo haitiano, novamente, mesmo após o que se considera uma das maiores catástrofes da história recente, é objeto da ânsia inescrupulosa pelo lucro e da cegueira que assola governantes que não querem admitir o óbvio ululante.

Notas:

1. http://www.iadb.org/Haiti/index.cfm?id=6470&lang=es
2. Nota de solidariedade, Auditoria Cidadã da Divida, de 17/01/20

domingo, 7 de março de 2010

Nossa Pátria é a América - Viva a América Latina e o Caribe

Nossa Pátria é a América(Comunicado das FARC)


O fato já consumado pela oligarquia vende-pátria, liderada pelo narcoparamilitar Álvaro Uribe, de converter a Colômbia numa base militar estadunidense, confirma outra vez o que, em seu momento, vislumbrou Simón Bolívar, quando em 05 de agosto de 1829, escrevia: "os Estados Unidos parecem destinados pela providência para infestar a América de miséria em nome da Liberdade".

Trata-se de converter a Colômbia em ponta-de-lança da estratégia do "amo do Norte", para impedir que processos sociais como o Venezuelano, que marcham para a realização do projeto Bolivariano de Soberania e Integração Latino-americana, que pode garantir aos nossos povos a "maior soma de felicidade possível", se convertam em realidade.

A situação é grave. O objetivo é evitar que a liderança e o povo venezuelano continuem a senda que deixaram assinalada nossos Libertadores. Esta oligarquia não suporta perder seus privilégios e nem admite que este exemplo se espalhe por toda a América. Para atingir seus objetivos oligárquicos, recorrem à calúnia, aos massacres executados por paramilitares, gerando o terror, confusão e desesperança; à espionagem descarada e a tentativa de confundir os povos através de uma intensa campanha midiática, cultivando um falso nacionalismo e um descarado chauvinismo.

Com tudo isso, o império está criando as condições para que a "tarefa" seja resolvida pela Colômbia, apoiado numa classe dirigente vassala disposta a servir ao amo estrangeiro para manter seus privilégios. Por isso, a confrontação com a qual nos ameaçaram não é entre Colômbia e Venezuela, mas entre as oligarquias que detém o poder fazendo até o impossível para mantê-lo e os povos de nossa América que estamos obrigados a dar uma resposta acertada, fraterna, internacionalista e desprovida de chauvinismo.

Convocamos os habitantes de ambos os lados da fronteira à conformação de comitês antiimperialistas que se convertam em muros impenetráveis onde se anulem as ambições imperialistas e se fortaleçam os laços fraternos e bolivarianos entre nossos povos.

A Pátria se respeita, fora ianques da Colômbia!



Secretariado do EMC FARC - EP

Montanhas da Colômbia, novembro de 2009

Fonte: Secretaria Geral do PCB

sexta-feira, 5 de março de 2010

Destino final de Battisti, fica para sucessor de Lula

Justiça Federal condena Battisti a dois anos de prisão por passaporte falso



A 2ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro condenou o ex-ativista italiano Cesare Battisti a dois anos de prisão por ter entrado no país com passaporte falso. A pena foi convertida para o regime aberto. Ele ainda pode recorrer da condenação, que ocorreu no fim do mês passado. Battisti aguarda uma decisão do presidente da República sobre a sua extradição, como foi decidido pelo Supremo Tribunal Federal.


Segundo o Ministério da Justiça, com a condenção, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pode decidir por deixar que Battisti cumpra no Brasil a pena que envolve serviços comunitários e o pagamento de multa de dez salários mínimos (R$ 5,1 mil) para só então ordenar a extradição do ex-ativista para a Itália. Como o mandato de Lula termina no dia 31 de dezembro, o impasse sobre extraditar ou não Battisti para a Itália seria do seu sucessor.

Entendimento semelhante do Supremo Tribunal Federal (STF) estabelece, inclusive, que a permanência do estrangeiro no país para o cumprimento de penas é a regra. Exceção seria entregar Battisti ao governo estrangeiro, medida que aconteceu, por exemplo, no caso do traficante colombiano Juan Carlos Abadia.

Refúgio

Membro do grupo Proletários Armados para o Comunismo (PAC), Battisti foi condenado à prisão perpétua na Itália pela suposta autoria de quatro assassinatos na década de 1970. A defesa nega o envolvimento do ex-ativista em assassinatos e acusa o governo italiano de perseguição política. Ele foi preso no Rio de Janeiro em 2007. Em janeiro de 2009, o ministro da Justiça Tarso Genro concedeu refúgio ao ex-ativista, sob o argumento de "fundado temor de perseguição”.

No dia 19 de novembro de 2009, o STF autorizou a extradição de Battisti para a Itália, revogando a decisão de Genro, depois de sucessivos movimentos diplomáticos da Itália para pressionar o Brasil a entregar o ex-ativista. Por 5 votos a 4, os ministros do STF entenderam que o refúgio concedido pelo governo brasileiro a Battisti foi irregular. Os magistrados consideraram que Battisti não era um perseguido político e por isso não teria direito ao refúgio. Mas decidiram deixar a palavra final sobre a extradição do ex-ativista com o presidente.

Sem previsão
Battisti está preso no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde aguarda a conclusão do processo de extradição. O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência, o ministro Marco Aurélio Garcia relata não haver previsão para o caso Battisti ser analisado por Lula: “Essa é uma decisão que seguirá o seu curso normal. Mas não há previsão de desfecho.”

Em seu despacho, assinado no dia 25 de fevereiro, o juiz federal substituto Rodolfo Kronemberg Hartmann decidiu que os antecedentes de Battisti na Itália não teriam influência sobre a pena pelo uso de passaporte falso no Brasil. “Não há informações nos autos sobre antecedentes criminais do réu no Brasil. O acusado foi preso no Brasil em razão de pedido de extradição do governo italiano, pois fora condenado em seu país a pena de prisão perpétua. Contudo, deixo de aumentar a pena-base por este motivo”, anotou o juiz. A decisão também faz com que o tempo servido até aqui na prisão de Brasília pelo ex-ativista não conte para a Justiça brasileira.

O G1 entrou em contato com o escritório do advogado de Battisti, Luiz Eduardo Greenhalgh, e ainda aguarda retorno.



Fonte: Jornal Noroeste Ceara - online

Mulheres, vamos dar o troco

Mulheres: Mais educadas do que eles, mas não mais iguais


Por Mario Osava, da IPS

04-Mar-2010

Rio de Janeiro, 2/3/2010 (IPS/TerraViva) – A escolaridade feminina avançou em todo o mundo, e em muitos países as meninas e as moças estudam mais e melhor do que os homens há décadas. Mas isso está longe de se traduzir em equidade no trabalho, na política e nas relações sociais.

No Brasil, por exemplo, 53,3% dos que entraram na universidade em 2007 eram mulheres. Essa proporção quase sempre foi superior a 55% nos últimos 15 anos. E a participação aumenta em mais de cinco pontos percentuais entre os que concluem cada curso, o que confirma que elas são melhores estudantes.

As mulheres são maioria em todos os níveis de ensino e sua escolaridade supera em mais de um ano a masculina. Porém, seus salários são 30% inferiores aos dos homens na mesma função, e elas ocupam apenas 56 das 594 cadeiras do Congresso Nacional.

Nas Filipinas, onde há muito as mulheres alfabetizadas são mais do que os homens, 17,8% delas se graduam na universidade, contra 8,2% dos homens, segundo a Comissão Nacional sobre o Papel da Mulher.

Mas as filipinas se concentram em carreiras como educação e saúde, e ficam fora das de engenharia e direito, áreas dominadas em mais de 80% por homens.

Também na África do Sul elas são maioria nas universidades, embora não em carreiras de tradição masculina, como engenharia. E tampouco ocupam posteriormente muitos cargos de direção.

No Chile, as mulheres também superam os homens em educação, segundo o governamental Índice de Iniquidade Territorial de Gênero 2009, que considera o analfabetismo, anos de escolaridade e cobertura do ensino básico e médio.

Porém, as chilenas perdem em participação trabalhista, com 42%, e seu nível salarial é 30% inferior ao de seus colegas homens.

“A educação sozinha não faz milagres”, pois mudar valores é mais complexo e “enquanto não houver creches para todas as famílias, não haverá mudanças estruturais na participação feminina no mercado de trabalho”, disse Fulvia Rosemberg, pesquisadora da brasileira Fundação Carlos Chagas, ao lançar um olhar sobre a desigualdade de oportunidades entre os gêneros.

O Brasil vale como exemplo. Apenas 18% dos meninos de zero a três anos frequentam creches, disse ao TerraViva. Além disso, em geral as escolas recebem as crianças por apenas meio período, impondo tripla jornada de trabalho às mulheres, privando-as de “condições comparáveis” às dos homens, afirmou a também professora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo.

A isso se soma o mesmo ensino. O currículo, os livros e a forma de educar reproduzem preconceitos que desvalorizam o papel feminino, o confinam no lar, a trabalhos e carreiras pouco valorizadas, acrescentou. Na universidade, a maioria das mulheres escolhe as ciências humanas e os homens as áreas de exatas e tecnológicas.

A escolaridade feminina progrediu rapidamente, mas as mudanças culturais são lentas e as institucionais ainda mais, disse Moema Viezzer, socióloga fundadora da Rede de Educação Popular entre Mulheres da América Latina e do Caribe, cuja campanha por uma educação não sexista acontece, há 29 anos, todo dia 21 de junho.

Foram necessárias décadas de luta do movimento antes da admissão de mulheres no governo e no Supremo Tribunal brasileiro. A VI Conferência Mundial sobre a Mulher, de 1995, em Pequim, representou “um salto quantitativo”, ao impulsionar políticas públicas, com o Estado assumindo programas antes limitados a organizações não governamentais, disse Viezzer.

Desde ontem e até o dia 12 deste mês acontece, na sede da Organização das Nações Unidas em Nova York, a conferência da Comissão da Condição Jurídica e Social da Mulher, para avaliar o cumprimento dos compromissos assumidos há 15 anos. O acesso das mulheres a todos os níveis educacionais foi uma das 12 prioridades da Plataforma de Ação de Pequim.

Além de um ensino com enfoque de gênero adequado, são necessárias muitas ações afirmativas e uma educação popular para a igualdade de gênero, defendeu Viezzer.

A melhor escolaridade feminina se impõe onde conta o esforço pessoal e a capacidade, mas não quando entram em jogo relações, negociações, a promoção por recomendação de chefes, disse Schuma Schumacher, coordenadora da não governamental Rede de Desenvolvimento Humano do Brasil.

Um quadro pior na África

No plano mundial, a porcentagem de meninas sem instrução caiu de 58% para 54% entre 1999 e 2007, segundo o Informe de Acompanhamento da Educação para Todos no Mundo 2010. Isto é, o acesso feminino no ensino primário continua abaixo do masculino.

Na África subsaariana havia 89 meninas para cada cem meninos na escola primária em 2006, segundo o Informe dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. A situação é pior no ensino secundário, onde as adolescentes caem para 80 para cada cem. No conjunto do ensino, elas constituem 55% das excluídas.

A realidade subsaariana, de muita pobreza, fome, guerras e epidemia de síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids), trava a escolaridade e fomenta a deserção escolar, especialmente de meninas, disse a sul-africana Muleya Mwananyanda, coordenadora da Semana de Ação da Campanha Mundial pela Educação.

Estima-se que 12 milhões de meninas nunca irão à escola, contra sete milhões de meninos. As atitudes estão mudando lentamente nessa parte do mundo. Ainda se vê “com suspeita a educação feminina, sobretudo nas comunidades onde o modelo patriarcal corre risco de se desbaratar”, disse Mwananyanda.

Mas há razões para otimismo, se considerarmos o efeito multiplicador. “Uma mulher me disse assim ‘educar uma menina é educar uma aldeia inteira’, pois as mulheres instruídas enviarão suas filhas para a escola”, afirmou.

Dezessete dos 41 países subsaarianos estudados no informe da Educação para Todos alcançaram a igualdade de meninas e meninos na escola primária.

Exceções

Essa região africana vai contra a corrente da tendência mundial. Na América Latina e no Caribe havia 107 meninas para cem meninos na escola secundária em 2006, enquanto na Ásia oriental e no sudeste asiático a proporção era de 101 e 102 para cem, respectivamente, superando inclusive a paridade das regiões do Norte industrial.

Entretanto, no segundo maior país latino-americano, o México, perderam força as políticas educacionais com perspectiva de gênero, impulsionadas a partir de Pequim.

Um avanço em matrícula e presença escolar produziu uma “equiparação de matrícula entre homens e mulheres” e atenção para os temas de educação profissional, pós-graduação e eliminação de estereótipos, disse ao TerraViva Clara Jusidman, presidente da não governamental Iniciativa Cidadã e Desenvolvimento Social.

Entretanto, desde 2000, quando chegou ao poder o conservador Partido Ação Nacional, primeiro com Vicente Fox e desde 2006 com Felipe Calderón, a educação retomou os antigos valores e estereótipos nos papeis dos homens e das mulheres.

Ainda em pleno século XXI, “há Estados mexicanos governados por conservadores que não permitem livros com texto contendo informação sobre educação sexual e direitos reprodutivos”, disse Jusidman.

Educação machista dada por mulheres

Em todo o mundo as educadoras são maioria. Mas isso não evita que o ensino tenha um caráter sexista, pró-masculino e discriminador difícil de corrigir, segundo as mulheres organizadas.

O machismo sobressai nos livros didáticos, onde personagens femininas, minoritárias e secundárias, aparecem mais no contexto familiar, em trabalhos domésticos, como seres passivos e servis, contrastando com os masculinos ativos, autônomos e criativos.

As autoridades educacionais das Filipinas ofereceram treinamento em gênero para autores e editores de livros escolares, quando um Comitê das Nações Unidas condenou, em 1997, os estereótipos em textos e materiais de instrução que reforçam a imagem de subordinação feminina.

Mas essas iniciativas ficaram na fase-piloto, e faltam políticas para integrar a igualdade de gênero aos programas educacionais desde o jardim da infância, disse a professora Aurora de Deus, diretora do Instituto de Mulheres e Gênero, de Manila.

”O lugar da mulher é a cozinha” soa muito antigo, mas é um preconceito que persiste na sociedade como um dos fatores que faz “o mundo do poder e do domínio ser quase essencialmente masculino”, disse a brasileira Vera Vieira, da Rede Mulher de Educação. São visões reafirmadas pelos livros infantis.

No Chile, os textos escolares têm enfoque de gênero desde 2008. “Houve uma intervenção na linguagem, tornando visíveis ‘meninas’ e ‘meninos’, e as imagens, evitando figuras estereotipadas como mulheres fazendo trabalho doméstico”, e assim resgatando a contribuição feminina para o desenvolvimento do país, explicou Juana Aguirre, responsável de gênero do Ministério da Educação.

A reforma curricular de 2009 incorporou a dimensão de gênero em cinco áreas, como matemática e linguagem, além de estratégias para corrigir o “currículo oculto” nas relações entre educadores e alunos, acrescentou.

No Brasil, o Ministério da Educação adotou, em 1996, uma avaliação dos mais de cem milhões de livros didáticos que compra e distribui anualmente nas escolas, vedando os que expressam “preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou qualquer outra forma de discriminação”.

Fulvia Rosemberg, da Fundação Carlos Chagas, duvida dos critérios aplicados por avaliadores especializados em suas disciplinas, mas não em “sexismo e racismo discursivo”. Além do mais, o Ministério condena “preconceitos”, não “estereótipos”.

O ensino discriminador não impede, porém, que as meninas e mulheres tenham melhor desempenho do que os homens, colocando em xeque as análises sobre os efeitos do sexismo nos livros, acrescentou. IPS/Envolverde


* Com as colaborações de Nastasya Tay (Johannesburgo), Kara Santos (Manila), Emilio Godoy (México) e Daniela Estrada (Santiago).

Fonte: Jornal Rebate -online

terça-feira, 2 de março de 2010

Chaves é pedreira nos sapatos deles

Chávez acusa EUA de orquestrarem denúncias sobre possível envolvimento com o ETA e as Farc

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, acusou setores internacionais sob coordenação dos EUA de orquestrarem denúncias contra ele. A reação de Chávez foi uma resposta à acusação do primeiro-ministro da Espanha, José Luis Rodríguez Zapatero, de que o venezuelano cooperaria com a aliança formada pela grupo armado separatista ETA, que luta pela independência do País Basco, e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc).

- Parece que todos se colocam de acordo e isso não é por coincidência. É uma orquestra e por trás dela está o império ianque - disse Chávez, durante sua passagem por Montevidéu, no Uruguai.

Para o Ministério de Relações Exteriores da Venezuela, a acusação e a cobrança de explicações da Venezuela são “inaceitáveis e tendenciosas”.

Em um comunicado oficial, o Ministério de Relações Exteriores informou que as questões levantadas resultam de arquivos de computador confiscado do segundo homem das Farc, Raúl Reyes, morto durante a operação militar.

Zapatero pediu explicações oficiais ao governo da Venezuela, uma vez que as investigações que levantam as suspeitas foram realizadas pela Justiça da Espanha. Para Chávez, as acusações remetem aos tempos em que seu país era colônia da Espanha.

- Estes são os tristes restos da antiga cadeia que alguns voltariam para pendurar no pescoço, mas somos livres - afirmou Chávez, segundo a imprensa oficial da Venezuela Agência Bolivariana de Notícias (ABN).

Chávez afirmou que não há pressão internacional que incomode seu governo.

- Respondemos com alegria, com fervor patriótico e de unidade. Eles, os norte-americanos, não nos imporão regras. Nós representamos milhões - afirmou o venezuelano.


Embaixador da Venezuela na Espanha diz que país é pacífico e não tem ligação com terror

Também nesta terça-feira, o embaixador da Venezuela na Espanha, Isaías Rodríguez, negou as acusações contra o Governo Chávez.

- Negamos categoricamente a alegada cooperação da Venezuela em ações que têm relações com o terrorismo. Somos uma nação pacífica. Nós temos um processo absolutamente democrático, socialista e humanista. Estamos longe de qualquer ação que possa envolver atos terroristas - afirmou.

Zapatero pediu explicações oficiais ao governo da Venezuela, uma vez que as investigações que levantam as suspeitas foram realizadas pela Justiça da Espanha. Para Chávez, as acusações remetem aos tempos em que seu país era colônia da Espanha.

Para o embaixador venezuelano, as suspeitas levantadas pela Justiça da Espanha se baseiam em informações obtidas via arquivo de um computador que pertencia a Raúl Reyes, integrante das Farc morto no ano passado em ação militar em território equatoriano.

- Não é de se admirar que as informações podem ter sido manipuladas e que, na melhor das hipóteses, se o computador foi mantido em bom estado, não correspondem ao que efetivamente ao que de fato existiu - disse o diplomata.

Fonte: Monitor Mecantil - on line

segunda-feira, 1 de março de 2010

Natureza castiga o Chile e os chilenos

Terremoto de 8,8 graus arrasa região Centro-Sul do Chile


Natasha Pitts *

No último sábado (27), mais um terremoto de grande magnitude provocou perdas humanas e materiais. O tremor de 8,8 graus na escala Richter deixou 711 pessoas mortas e cerca de dois milhões de danificados no Chile. Após a reação popular de saquear lojas e supermercados pela ausência de rápida ajuda do Governo, a presidente chilena Michelle Bachelet decretou "estado de catástrofe" durante 30 dias na região de Maule e na província de Concepción.

Dezenas de prédios, entre eles casas, hospitais e escolas, vieram abaixo. Também foi registrada a queda de um presídio, fato que permitiu a fuga de cerca de 50 detentos. Exército, polícia, bombeiros e voluntários estão nas ruas para resgatar possíveis sobreviventes e tentar conter os ânimos da população.

"O passar das horas permitiu-nos demonstrar que estamos ante uma catástrofe de magnitude impensada, que provocou danos que vão requerer gigantescos esforços mancomunados de todos os setores do país, privados e públicos, não só agora, senão por um tempo bastante importante por diante", disse Bachelet.

A presidente também afirmou que, junto a grandes cadeias de supermercados, está organizando a entrega gratuita de mantimentos de primeira necessidade nas regiões de Maule, BioBío e algunos setores de La Araucanía. A entrega será feita de forma ordenada nos lugares em que as autoridades locais dispuserem.

A determinação da presidente de decretar o estado de catástrofe trás diversas implicações, sobretudo para a população. De acordo com a Constituição do Chile, durante o estado de catástrofe as decisões são tomadas pelas Forças Armadas e a democracia civil pode ser suspensa até que seja restabelecida a normalidade nas zonas afetadas. O que implica, inclusive, na suspensão da liberdade de locomoção e reunião.

No momento, nas regiões mais afetadas está implantado um toque de recolher. Em Concepción, o exército chileno vigia as ruas para que a população não saia de casa no intervalo que vai das 21h até as 6h. Os que não estão respeitando o toque de recolher e o "estado de catástrofe" estão sendo detidos pelos militares.

Mesmo com o registro de 160 pessoas detidas desde o sábado até o momento, o subsecretário do Interior afirmou que não foram registradas situações de alteração significativa em nenhuma parte. "Percorri até tarde diferentes pontos da cidade de Concepción e apreciava-se que a população colaborou e entendeu o sentido da medida que se adotou ontem", relatou Patricio Rosende à 123 CL.

Diversas organizações do país já estão se mobilizando para dizer ‘não’ ao estado de catástrofe e ao toque de recolher. A medida, segundo declaração da Liga Operária do Chile, se sustenta apenas para "proteger a segurança da classe patronal ante os focos de saqueio cada vez mais evidentes". Entidades estudantis, de mulheres, de trabalhadores, entre outras estão fortalecendo esta reivindicação e pedindo também a retirada do poder das mãos das Forças Armas e de sua patrulha das ruas.

Indígenas cobram atenção

As comunidades indígenas localizadas nas proximidades de Concepción também sofreram fortemente os efeitos do terremoto. Apesar não haver o registro de vítimas fatais entre os indígenas, sobretudo na Comunidade Autônoma Juan Quintremil muitos perderam suas casas e objetos pessoais e estão apenas com a roupa do corpo.

Mediante esta situação, os líderes mapuche exigem do Governo atenção econômica imediata, em especial para as populações mais afetadas e as regiões mais empobrecidas.

Concepción está entre as quatro províncias que constituem a região de Biobío, e se encontra no centro sul do Chile, parte mais afetada pelo terremoto. A cidade tem relevância econômica por sediar o mais importante pólo industrial do país. Também concentra a maior parte da população regional e reúne todas as comunidades que formam a Gran Concepción.

Segundo informações da agência de notícia Servindi, o terremoto do último sábado foi o segundo mais forte da história do Chile. Em 1960, a cidade de Valdivia foi devastada por um tremor de magnitude 9,6 na escala Richter.



* Jornalista da Adital- www.adital.com.br

Lágrimas e Dor de Uma Criança Palestina- Poema

Eu sou a testemunha dos
massacres
E dos mapas
Sou uma criança de palavras
simples
Vi como cresciam asas
nas pedras
E como a chuva
se transformava em armas
Quando trancaram a porta
do meu coração
E abriram trincheiras
no meu corpo

Mahmud Darwish
Fonte: Somos todos Palestinos/ Niteroi

Sem Direito de Morar

O Partido Comunista de Israel organizou na Sexta Feira, 22 de Janeiro uma manifestação / vigília em Jerusalém na Praça Hamashbir contra a prefeitura de Jerusalém que possui um projeto de demolir casas de moradores palestinos para a construção de uma praça e um estacionamento para o uso de colonos judeus israelenses.

A atividade contou com cerca de mil ativistas, dentre militantes comunistas, ativistas da paz e moradores de Jerusalém opositores ao prefeito.

O ato organizado pelo Partido Comunista de Israel buscou enfrentar a prefeitura de Jerusalém que aliada aos colonos extremistas de judeus, com apoio internacional dos Estados Unidos (segundo Site do PC de Israel) ataca moradores palestinos com objetivo claro de intimidar e remover das áreas ocupadas pelos colonos.

Cerca de 20 militantes foram presos, dentre eles militantes do PC.



Fonte: Site do Partido Comunista de Israel - http://www.maki.org.il/

Pequenos colombianos, vitimas

Pequenos colombianos, vitimas
O Mercado, não vê indigência

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