sábado, 21 de janeiro de 2012

Jango Pode Ter Sido Envenenado.

Argentina vai investigar morte de Jango
Pedido de procurador brasileiro aceito em juizado do país vizinho
19/01/2012

Após 35 anos, Jango terá sua morte investigada

A Justiça argentina, mais uma vez, sai à frente nas investigações para recompor o período em que a América Latina esteve obscurecida pelos regimes ditatoriais. Agora, o país investiga as circunstâncias do falecimento de João Goulart (Jango), ex-presidente do Brasil no início da década de 1960 (1961-64).

A autoria do pedido de inquérito criminal foi do procurador da República em Uruguaiana, Ivan Cláudio Marx. Realizado no dia 11 de novembro do ano passado, foi acatado pelo Juizado de Instrução de Paso de los Libres quando da lembrança de 35 anos de falecimento de Jango – 6 de dezembro de 2011.
No Brasil, as investigações acerca da morte do ex-presidente haviam sido encerradas, uma vez que foi a aceita a argumentação de que o fato já havia prescrito e que, ademais, a Lei de Anistia encerrava todas as investigações sobre as mortes da ditadura. Marx não compactua com tal atitude da Justiça Brasileira: “Não compartilho a ideia de que esses crimes prescrevem. A Argentina tem atribuição para investigar o caso, pois a morte ocorreu lá”.
Posicionamento semelhante é explicitado pelo professor do departamento de História da UFSM, Vitor Biasoli: “Acho que é importante investigar. Me surpreende, mas me deixa contente. Vejo positivamente a decisão argentina, visto que é necessário colocar um ponto final, seja qual for. Fico na expectativa”.
O professor relembra a palestra ministrada pelo neto de Jango, Christopher Goulart, na UFSM, em março de 2010. Na época, diz Biasoli, ele havia falado, inclusive, sobre a exumação do cadáver de Jango a título de averiguação sobre sua morte, porém, o disse sem muitas esperanças.
Em matéria publicada pelo jornal Sul21, Christopher Goulart avalia que a morte de seu avô foi arquitetada pela Operação Condor e que a decisão de mandar investigar a morte de Jango engrandece a postura da Argentina: “É um país que respeita mais as questões de direitos humanos, principalmente no que tange aos crimes da ditadura”, opina.
Hipótese do envenenamento
O ex-presidente do Brasil vivenciava problemas cardíacos, que preconizavam o uso de, pelo menos, três tipos de remédios. O exílio na Argentina teve efeitos negativos na saúde de Jango, contudo, é fato que sua estadia na estância La Villa, em Mercedes, era constantemente vigiada pelos órgãos de repressão e o fato de ele estar em uma localidade próxima a seu país de origem desagradava os generais brasileiros.
A acusação de envenenamento não é infundada. O ex-agente do serviço de inteligência do Uruguai, Mário Neira Barreiro, detido na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas desde 2003 por assalto a banco e tráfico de armas no Brasil, já prestou depoimentos nos quais confessou ter vigiado Jango 24 horas por dia. O uruguaio afirmou, em depoimento gravado pelo filho de Jango, João Vicente, que havia sido colocada uma cápsula com um hipertensor no frasco de um dos remédios do ex-presidente.
Neira Barreiro também disse que a morte de João Goulart foi planejada por Ernesto Geisel e incumbida ao delegado Sérgio Fleury, do Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Apesar de todo peso que essas afirmações detêm, no entanto, não conduziram a elementos concretos e não são satisfatórios para a categorização da morte.
Biasoli comenta que aqueles que acompanham a biografia de Jango tomam a hipótese como passível de ser aceita: “É uma hipótese que pode ser levada a sério. Não acho estapafúrdia. Deve ser investigada para ser colocado um ponto final”.
Texto: Bruna Homrich com informações do Sul21
Edição: Fritz Nunes
Foto: fazendomedia.com
Fonte: Instituto João Goulart - online

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