quinta-feira, 31 de março de 2011

Somos Todos Palestinos

Comité Nacional Palestino para o Boicote, Desinvestimento e Sanções (BNC)*


Nota de Imprensa

Palestina Ocupada, 30 de Março 2011 – No terceiro dia de Acção Global de Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel a ter lugar no Dia da Terra Palestina (30 de Março), orgulhamo-nos de anunciar a publicação do desconcertante e potencialmente explosivo relatório da Stop the Wall, sobre as crescentes relações militares entre o Brasil e Israel.

Apesar do recente reconhecimento do Estado da Palestina pelo Brasil, e da sua longa tradição em apoiar os direitos palestinos e a lei internacional, o Governo Brasileiro assinou contratos no valor de centenas de milhares de dólares com a indústria de armamento de Israel.

O facto que Isarel continue a exercer, há já várias décadas, a brutal e ilegal ocupação de Gaza, recusando os direitos dos refugiados palestinos, aumentando descaradamente as políticas de apartheid, e rejeitando toda e qualquer tentativa internacional de atingir um justo acordo de paz com Palestinos e Árabes, não deteve o Brasil de se tornar um dos mais significativos importadores mundiais de armas israelitas, muitas das quais promovidas como “testes de campo”.

O documento de 30 páginas mostra detalhes dos programas assinados com Israel no valor de quase mil milhões de dólares. Israel, por sua vez, reforçou a sua presença na indústria de armamento brasileira através de aquisições, joint ventures e parcerias estratégicas. Os esforços israelitas para obter um amplo estabelecimento no Brasil e, desta forma, penetrar também noutros países progressistas sul americanos não é mera coincidência. O Brasil mantém actualmente uma representação das suas forças armadas em Tel Aviv e recentemente assinou um acordo de cooperação de segurança entre com Israel, que permite a este último fazer negócios a um nível de segurança classificado “elevado”. A indústria militar israelita diz que de momento estão a ser preparados contratos no valor de vários milhares de milhões de dólares para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil. Das sete empresas noticiadas nos jornais que se encontram em competição para obtenção de contratos, seis têm ligações provadas com crimes de guerra israelitas e/ou são suspeitas de estarem envolvidas em actividades de espionagem.

As principais empresas de armamento israelitas activas no Brasil – a Indústria de Aviação Israelita (IAI) e os Sistemas Elbit – para além de estarem directamente envolvidas no fornecimento de armamento ao exército de ocupação israelita, a ser usado para cometer o que o relatório das Nações Unidas “Goldstone” classifica como “crimes de guerra” e possíveis crimes contra a Humanidade, estão também implicadas na construção do Muro na Cisjordânia e na construção de infra-estruturas para colonatos, ambas violações graves do IV Acordo de Genebra e do Parecer Consultivo de 2004 do Tribunal Internacional de Justiça. Por exemplo, espingardas israelitas Tavor produzidas no Brasil são desenvolvidas e testadas durante ataques do exército israelita contra cidades palestinas sob ocupação.

Leia aqui o relatório completo:

Portuguese:

http://stopthewall.org/enginefileuploads/content/rela__es_militares_entre_brasil_e_israel.pdf

English:

http://stopthewall.org/enginefileuploads/content/brazilian_military_ties_with_israel.pdf


Comentário da Stop the Wall:

“Entrar em negócio com a indústria de armamento israelita põe seriamente em questão o apoio do Brasil aos direitos do povo palestino, pois estes contratos garantem que as guerras, ocupação e colonização israelitas continuem a gerar lucros. Mais: estes laços militares põem em questão o compromisso do governo brasileiro em apoiar os direitos humanos, paz e criação de um Estado Palestino e parecem contradizer as actuais alianças brasileiras e interesses na região. É preocupante que o Brasil entregue o dinheiro dos impostos dos seus cidadãos às empresas de armamento israelitas. O Brasil não pode conciliar a cumplicidade com as graves violações da lei internacional por parte de Israel e as aspirações a potência mundial emergente, defensora do respeito pela Lei Internacional e pelos Direitos Humanos.”

O Comité Nacional Palestino para o Boicote, Desinvestimento e Sanções (BNC) reitera o seu apelo ao governo brasileiro para que este acabe com todos os laços militares com Israel, pedindo:

  • a não ratificação e cancelamento dos acordos de cooperação de segurança com Israel;
  • o encerramento imediato do posto das forças armadas brasileiras em Israel;
  • a alteração dos regulamentos de contratos do exército brasileiro, de forma a que empresas que violam o direito internacional sejam excluídas dos concursos;
  • que seja assegurado que empresas envolvidas em violações do direito internacional sejam impedidas de se estabelecerem em território brasileiro através de meios indirectos, como aquisições de empresas, joint ventures ou licenças;
  • que seja assegurado que empresas que violam o direito internacional sejam excluidas de contratos para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, pois não pode ter “fair play” o desporto que recompensa criminosos de guerra.

Contato:

Hind Awwad (Palestina)

hind.awwad@BDSmovement.net

+ 972 (0) 599837796

terça-feira, 29 de março de 2011

Salvem os trabalhadores

Jirau e o direito de ser pelego

O conflito entre trabalhadores e as empreiteiras nas obras da Usina de Jirau ganharam as manchetes dos jornais. Os direitos mais básicos dos operários estão sendo desrespeitados pela poderosa empreiteira Camargo Corrêa.

Maus tratos, irregularidades no pagamento, péssimas condições de trabalho, higiene e alojamento. O episódio é triste não só pela humilhação sofrida pelos trabalhadores. O comportamento pelego da dos sindicalistas oficiais também é de chorar.

No dia 22 de março, Vagner Freitas, tesoureiro da CUT, esteve no local. Segundo reportagem de Leonencio Nossa para O Estado de S.Paulo, Freitas teria pedido aos operários que voltassem ao trabalho. O sindicalista teria dito que o "Brasil precisa de energia limpa. A obra da usina precisa voltar a funcionar, porque a sociedade está sendo prejudicada".

Em artigo publicado em 27 de março, no Globo, Eli Gaspari comentou a posição da central rival da CUT. O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, admitiu a dificuldade em dar resposta aos trabalhadores. Segundo ele, “nenhuma das duas grandes centrais está habituada a lidar com multidões”.

Segundo Gaspari, as obras de Jirau e Santo Antônio empregam 38 mil trabalhadores. A multidão que realmente vem interessando aos sindicalistas é outra, diz o jornalista. É aquela formada pelos associados que lhes garantem R$ 1 milhão anual em impostos sindicais.

Nem O Estado de São Paulo, nem Gaspari merecem grande confiança. Mas, alguém duvida de que representantes da CUT e da Força Sindical tenham se prestado a um papel feio como este? Não se trata apenas desse episódio específico. O lulismo tem feito muito sindicalista abusar do direito de ser pelego.

Sérgio Domingues
http://pilulas-diarias.blogspot.com

Leia também Jirau é senzala. Lula, capitão-do-mato

sábado, 26 de março de 2011

Oposição ao Kadafi, mercenários do Império

Kadafi é um benfeitor da humanidade

  • aaaaaaaaaaaaaaaaakadafi

Como pode ser chamado de ditador um líder que derrubou uma monarquia corrupta, modernizou o país, conquistou o melhor IDH da África, aplicou a democracia direta no sistema de governo?

José Gil, no Pravda.ru

Kadafi sempre apoiou os movimentos revolucionários em todo o mundo.Quando a mídia - a serviço dos EUA - elogiava o regimede apartheidna África do Sul, Kadafi treinava jovens na Líbia e os mandava de volta com os melhores armamentos, para conquistar a liberdade na África do Sul.

De repente a imprensa passou a atacar diariamente o líder Muamar Kadafi, a destilar ódio, difundir mentiras, falsificar vídeos para ?provar? os crimes do governo líbio. Aparentemente essa linha jornalística foi causada pelos levantes populares na Argélia, Tunísia, Iêmen e Egito. Na verdade, trata-se de mais uma estratégia terrorista do governo dos Estados Unidos da América para recuperar influência no mundo árabe. No Egito caiu o governo de confiança dos EUA. Mubarak não passava de um agente dos interesses norte-americanos e israelenses na região. Com a queda de Mubarak navios iranianos passaram a circular nas proximidades de Israel, causando mal estar e revolta nos meios diplomáticos subservientes ao imperialismo e ao sionismo.

Após perder o Egito, o governo dos Estados Unidos tenta dividir e enfraquecer a Líbia, e neste sentido recebe o apoio dos partidários de Bin Laden, milhares de refugiados egípcios que ao longo dos anos se refugiaram no leste da Líbia, fugindo da repressão no Egito. Após os egípcios vieram os argelinos, tunisianos e somalis, seguidores da Al Qaeda. Desfrutaram da hospitalidade dos líbios e em seguida os apunhalaram pelas costas, deflagrando uma revolta que fez dezenas de vítimas, através de sabotagens, terrorismo e destruição de bens públicos.

Mas quem é esse Kadafi que a mídia, de repente, passou a atacar de todas as formas, e até de forma covarde? Kadafi liderou uma revolução para derrubar o rei Ídris, um fantoche dos interesses italianos e norte-americanos na região. Na época, a maior base militar dos Estados Unidos no exterior estava na Líbia, e Kadafi e seus partidários cercaram a base e deram prazo de 24 horas para todos os estrangeiros invasores deixarem o país.

No poder, Kadafi não fez como os monarcas árabes, não construiu palácios com peças em ouro, não comprou iates luxuosos nem coleções de carros importados. Dedicou-se a reconstruir o país, garantindo melhores condições de vida para o povo. Hoje Kadafi não é presidente nem primeiro ministro da Líbia, mas a mídia quer que ele renuncie ao cargo que não existe.

As mentiras da mídia não conseguem esconder que Kadafi apoiou as lutas dos povos por libertação na Nicarágua, Cuba, Angola, Moçambique, África do Sul e muitos outros países, auxiliando concretamente os povos que lutavam por libertação. Na prática, Kadafi sempre foi um benfeitor da humanidade, mas para a mídia mercenária, benfeitor é aquele que cria guerras em busca de lucros para a indústria bélica ou para dominar o mundo, como foram as guerras criadas pelos Estados Unidos na Coreia, Vietnã, Iraque, Palestina, Afeganistão, El Salvador, Nicarágua e muitos outros países.

Essas fofocas ridículas de riquezas e costumes estranhos sempre foram exploradas pela mídia; foi assim com Sadam Hussein, Yasser Arafat, Fidel Castro, Ahmadinejad, Hugo Chávez e etc. Basta ser um governante sério que não se ajoelha e não se acovarda perante os Estados Unidos para ser avacalhado pela mídia mercenária.

Outro fato que a mídia não consegue falsificar é o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) aferido por técnicos das Nações Unidas. Esses dados apontam, por exemplo, que a Líbia tinha, em 1970, uma situação pouco pior que a do Brasil (IDH de 0,541, contra 0,551 do brasileiro). O índice líbio superou o brasileiro anos depois e, em 2008, estava bem à frente: 0,810 (43º no ranking), contra 0,764 (59º no ranking). Todos os três sub-índices que compõem o IDH são maiores no país africano: renda, longevidade e educação.

No IDH reformulado a diferença se mantém. A Líbia é a 53ª no ranking (0,755) e o Brasil, 73º (0,699). A Líbia é o país com melhor IDH da África. Portanto, tem a melhor distribuição de renda, tem saúde e educação pública gratuitas. E quase 10% dos estudantes líbios recebem bolsas para estudar em países estrangeiros.

Que ditadura é esta? Uma ditadura jamais permitiria esse tipo de política em benefício do povo.

Kadafi escreveu o Livro Verde, a Terceira Teoria Universal, que trata de temas polêmicos e reais. Ele denuncia, por exemplo, a falsificação da democracia pelas assembleias parlamentares. Na maioria dos países ditos democráticos, incluindo os Estados Unidos da América, os partidos políticos são verdadeiras quadrilhas organizadas para saquear o dinheiro do povo nas Assembléias Legislativas, Prefeituras, Câmaras de Vereadores, Câmara de Deputados etc. Essa constatação - e publicação em livro - com certeza irrita e revolta os ?defensores da democracia parlamentar?. O Livro Verde, escrito por Kadafi, afirma que os trabalhadores devem ser associados e não assalariados, e que a terra deve ser de quem nela trabalha, e a casa de quem mora nela. E o poder deve ser exercido pelo povo diretamente, sem intermediários, sem políticos, através de Comitês e Congressos Populares, onde toda a população decide as questões fundamentais do bairro, da cidade e do país. Essas palavras, que todos sabem verdadeiras, irrita e revolta aqueles poucos que se beneficiam com a falsificação da democracia, principalmente os regimes capitalistas.

Mas a imprensa continuará insistindo em falsificar notícias, destilando ódio, difundindo mentiras, porque está cumprindo ordens do governo norte-americano, o grande interessado nas grandes reservas de petróleo da Líbia.

Os grandes jornais e canais de televisão do Brasil utilizam agências de notícias norte-americanas, todas tendenciosas, mentirosas, enganadoras. As mentiras que as agências de notícias vendem são compradas pela opinião pública brasileira, e a maioria das pessoas ? por ingenuidade ou desinformação ? se comporta como marionetes, repetindo aquilo que o governo dos Estados Unidos impõe e determina.

Esta não é a primeira vez, e nem será a última, que o povo árabe líbio enfrenta potências estrangeiras poderosas. Mais uma vez o povo líbio vencerá, porque tem na liderança de Muamar Kadafi um guia eficaz, forte e honrado.

Fonte: Outro Lado da Notícia- online

Nefasta presença

A Casa da América Latina repudia que o líder da nação mais covarde e sanguinária do planeta contamine nosso território com a sua nefasta presença e de sua comitiva espúria.

Não se trata de um visitante qualquer, estamos sob o incômodo de um representante do império do mal, que para manter o elevado padrão de vida do seu povo é capaz de impor à nossa América Latina ditaduras assassinas, como ocorreu, não só em 1964, com o Brasil, mas, praticamente em todo o continente.

Aquele país não é governado simplesmente por um mero Presidente, mas pelos poderosos senhores donos do complexo industrial militar e da Wall Street, onde a guerra imperialista se constitui no seu principal instrumento de acumulação.

Um grave exemplo da imoralidade e da falta de democracia interna Norte Americana se constitui no fato de as grandes corporações fazerem campanhas eleitorais diretamente ou financiarem, com vultosas quantias, candidatos; o que foi aprovado recentemente pelo atual Congresso em nome da “liberdade de expressão”, derrotando proposta de reforma política. Hoje, os EUA, com um modelo econômico e moral decadente, nada têm a nos oferecer mas muito a nos usurpar. Este país gerou, em 2008, uma das piores crises econômicas no mundo, ainda não saiu dela, nem sairá tão cedo. Internamente expõe quase trinta milhões de trabalhadores ao desemprego e outros tantos ao subemprego. As suas exportações para o nosso país geram lá 250.000 postos de trabalho. Eles exportam para a América Latina três vezes o que vendem para a China, cuja economia continua liderando o crescimento mundial, com 8 a 9%, apesar da crise internacional. O nosso déficit comercial com o país de Obama é crescente, passando de 4,5 bilhões de dólares em 2009 para 7,8 bilhões em 2010.

Segundo confissão da Hillary Clinton: “nossa segurança energética depende desse continente. O Brasil se tornará grande fornecedor de petróleo para nós graças às suas recentes descobertas em águas profundas”.

Em 2010 o Brasil já exportava 500mil barris por dia para os EUA, sendo o principal mercado desse precioso produto. São eles os maiores consumidores do mundo com 20,800 milhões por dia, enquanto a China consome 6,930 milhões de barris e o Brasil 2,100 milhões ( Index Mundi-2009 ). Desse elevado consumo, eles importam 58 %. Têm a 11ª reserva mundial ( 21 bilhões de barris), sendo os campeões em consumo ( Guia do Exportador ), enquanto o Brasil tem uma reserva estimada entre 70 e 120 bilhões de barris( Sérgio Gabriele em Internacional Press ).

A produção de energia nuclear após o acidente japonês sofrerá pressões que favorecerão o petróleo, principalmente, além das fontes de energia renováveis, nas quais o nosso país é pródigo e devemos valorizar isso.

As rebeliões instabilizantes no Norte da África e no Oriente Médio, associadas ao ódio justificado que a maioria daqueles países têm para com os EUA valorizam o petróleo da América Latina.

Estamos com Cesar Benjamim quando afirma que a natureza nos ofertou o pré-sal de maneira generosa ao nos impor tanto investimento em tecnologia e mão de obra para retirá-lo de camadas tão profundas; além de guardá-lo para quando o preço do petróleo explodir no mercado internacional, nos obrigará a crescer e gerar emprego.

A cadeia industrial a ser gerada pelo pré-sal empurrará o Brasil para um patamar produtivo de crescimento, geração de renda, de emprego e elevação do PIB que nos colocará como uma das principais economias do mundo.

Temos que dar um basta aos leilões e criar indústrias genuinamente nacionais para o nosso país capacitar-se a prospectar e produzir o óleo do pré-sal.

Não queremos os EUA como nosso principal parceiro; hoje exportamos para lá menos de 10% dos nossos produtos, sendo o petróleo a principal commoditie vendida para eles. Devemos exportar apenas os derivados, buscar incrementar o comércio latino-americano, atualmente com 80% de valor agregado nas exportações e negociar multilateralmente com diferentes países da Ásia, África, Oriente Médio e Europa.

Entendemos que só o povo organizado tem força para defender o nosso país e lutar pela união e emancipação econômica e política da América Latina, nos inspirando em Abreu e Lima, Simão Bolivar e José Marti.

Imperialismo nunca mais!


Fonte: Casa da América Latina

sexta-feira, 25 de março de 2011

E agora Dilma, só não pode fazer cara de paissagem

DILMA: LIBERTE BATTISTI JÁ!

(Nota Política do PCB)

O Comitê Central do PCB, reunido no Rio de Janeiro, analisou a situação do ativista político e escritor italiano, Cesare Battisti, preso em Brasília desde 19 de março de 2007, perfazendo quatro anos de reclusão em nosso país, sem ter cometido nenhum crime em território nacional e acusado pelo Estado italiano de crimes que até agora, a não ser por testemunhos de delatores premiados, entre eles Pietro Mutti, que, para se livrarem de suas penas, imputaram Battisti com relatos que carecem absolutamente de provas materiais.

Battisti, que na década de 1970 militava no grupo de ultra-esquerda Proletari Armati per Il Comunismo (PAC), é acusado de haver cometido dois crimes no mesmo dia com apenas meia hora de diferença entre um e outro. O bizarro dessa situação é que um crime teria sido cometido na cidade de Udine e outro na cidade de Milão. Acontece que essas cidades distam 381 quilômetros uma da outra, o que demonstra a falsidade desses testemunhos. Julgado in absentia, chegou-se a falsificar sua assinatura para nomear advogados indicados pelo governo italiano (que aceitaram um julgamento forjado, sem a presença do réu), falsidade comprovada posteriormente por exame grafológico.

O que agrava consideravelmente o indiciamento e a condenação de Battisti, alem da própria instrução do processo, realizada sem provas concretas e baseada apenas nas delações dos militantes que colaboraram com as forças de segurança, os pentiti (arrependidos), é que essas delações foram arrancadas sob tortura, conforme denunciaram, à época, o relatório da Amnesty International e o depoimento da escritora Laura Grimaldi. Cabe dizer ainda que, naquele período na Itália, viviam-se os Anni di Piombo, Anos de Chumbo (entre 1970 e inícios da década de 1980), momento histórico de grandes confrontos de classe, sendo que, para responder às movimentações de amplos segmentos proletários e populares por profundas mudanças sócio-políticas, o Estado italiano impôs uma lei de exceção que permitia às forças de segurança investigar as organizações suspeitas de “terrorismo” e prender ativistas políticos e sociais sem ordem judicial, condição essa que dificulta até os dias de hoje a reabertura dos processos que envolveram as organizações e os militantes de esquerda daquele período.

Ressaltamos, também, que essas medidas autoritárias, que restringiam a ampla liberdade dos cidadãos italianos, eram corroboradas pelo extinto PCI (Partido Comunista Italiano), que, rumando para o radical reformismo e para a conciliação de classe, acenava com a possibilidade de uma aliança de governo com a então poderosa Democracia Cristã, claramente apoiada pelos EUA, propondo o tristemente célebre Compromesso Stórico.

Desse modo, com os elementos arrolados acima, entendemos que é absolutamente impossível aceitar as alegações do Estado italiano sobre a culpabilidade de Battisti, diante da fragilidade das provas apresentadas e de sua condenação, claramente política. Além do mais, o governo neofascista de Silvio Berlusconi aproveita-se oportunisticamente da situação, tentando fazer a conexão de Battisti com os movimentos sociais e sindicais que, hoje, fazem dura oposição a seu governo sabidamente corrupto, onde o próprio Presidente do Conselho de Ministros, o Sr. Berlusconi, aparece envolvido em escândalos sexuais e de pedofilia. Sabemos o que espera Battisti se for repatriado para seu país de origem: prisão perpétua e, inicialmente, seis meses de privação da luz do sol, condição que por si mesma revela o medievalismo dessas medidas e o ódio revanchista da extrema direita que está no governo e no poder.

A presidente Dilma Roussef deve cumprir o que foi determinado pelo ex-presidente Lula, isto é, a imediata libertação de Cesare Battisti e a concessão de status de refugiado político a ele. Lavar as mãos, deixando uma decisão política dessa gravidade para o Supremo Tribunal Federal (majoritariamente conservador), é objetivamente condenar Battisti ao ergastolo (prisão perpétua), é compactuar com as acusações falsas e revanchistas dos que desejavam e ainda desejam conter os avanços das lutas populares rumo às conquistas que possibilitem a construção de uma sociedade justa e sem a exploração dos trabalhadores.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comitê Central – março de 2011




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Veja a Página do PCB – www.pcb.org.br

Partido Comunista Brasileiro – Fundado em 25 de Março de 1922

quarta-feira, 23 de março de 2011

As enrolações da mídia

Desde criança . ouço essa frase mas, só fui entender quando já era adulto e estava na metade do curso universitário e já tinha conseguido um emprego no Banco Estatal local.. Como a inflação era alta, o poder de compra dos salários se pedia rapidamente, era comum também as greves, em vários setores, exigindo reposição das perdas salárias.


Nesta época eu trabalhava no Banco Estatal local e também estávamos em greve por melhores salários e coincidentemente o Governador do Estado tinha viajado para Brasília atrás de recursos. No dia da volta do governador, a maioria dos funcionários envolvidos nas greves, nos diversos setores do Estado, resolveram fazer uma manifestação na chegada do Governador ao aeroporto. No salão de entrada do aeroporto se concentraram os grevistas e os correligionários do governador (termos usado na época para designar os aliados políticos) formando um corredor polonês. Os aliados, de um lado, aplaudiam a chegada do governador e, do outro lado, os grevistas vaiavam e gritavam palavras de ordem. Foram entrevistados Governador, aliados e lideres sindicais pela TV local.
Tudo isso ocorreu ainda no final do Regime militar e as pessoas que criticavam o governo (em qualquer esfera) eram considerados agitadores ou baderneiros. Como não saia na televisão as manifestações contra o governo, que o mesmo nunca era criticado ou contestado, ficava a ideia de aprovação popular.
Ao chegar em casa narrei o ocorrido a minha mãe (eu trabalhava na capital e morava no interior) e falei para ela que ia passar no Jornal Local das sete horas da noite. Qual a minha surpresa! O apresentador fez a seguinte apresentação da noticia: governador volta de Brasília e é recebido com festa no Aeroporto de Aracaju. Foi ai que minha mãe perguntou, cadê as manifestações contra o governador que você falou? Tá aprendendo a mentir moleque? Não adiantou eu dá explicações, passei por mentiroso e ainda recebi uma bela bronca!!!! Foi então que deste dia em diante sempre passei a duvidar dos noticiários das Rede de Televisão, Rádios e Jornais e ao longo do tempo percebo que esse tipo de procedimento vem aumentando a cada dia nos noticiários.

Para piorar a situação, não se pode chamar o apresentador de mentiroso, ele falou somente a verdade, o Governador foi aplaudido, ele somente omitiu os fatos que não interessava a ele e é claro, para que as pessoas tirassem conclusões erradas. Isso quer dizer que os que tem mais acesso aos meios de comunicação tem o grande poder de manipular e levar a população a tirar conclusões erradas sobre determinado assunto e direciona-los como mass...
TEXTO COMPLETO NESTE ENDEREÇO:

sábado, 19 de março de 2011

Será se sai a vaguinha no Conselho de Segurança da ONU?

Nos Estados Unidos, mídia faz críticas à visita de Obama ao Brasil

19/3/2011 17:00, Por Agência Brasi

Brasília – Os principais veículos de comunicação dos Estados Unidos avaliaram hoje (19) como inoportuna a visita do presidente Barack Obama ao Brasil. Um dos argumentos usados foi a abstenção do Brasil na votação, no Conselho de Segurança das Nações Unidas, sobre a resolução que cria uma zona de exclusão aérea na Líbia e permite uma intervenção contra as tropas de Muammar Khadafi – posição contrária à dos norte-americanos.

Na avaliação dos meios de comunicação norte-americanos, a viagem de Obama é como um ajuste nas relações com a América Latina. São muitos os motivos para melhorar as ligações com o Brasil, segundo os jornais, apesar de Obama não atender aos dois grandes desejos dos brasileiros: um assento permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas e a retirada de taxas à importação do etanol.

O jornal Washington Post avaliou a viagem como controversa, mas destacou que o presidente tinha condições de “administrar” a crise na Líbia mesmo estando fora dos Estados Unidos, já que a maioria de seus assessores para segurança nacional integram a comitiva.

A rede de televisão CNN classificou a viagem de Obama ao Brasil de awkward, ou seja, inábil e desajeitada, por ocorrer dias depois da abstenção brasileira nas Nações Unidas e de o governo Obama ter anunciado na Casa Branca que estava formando uma coalizão forte para enfrentar a Líbia.

Para o canal de TV FoxNews, a viagem de Obama ao Brasil e a outros países da América do Sul é uma espécie de férias na região e uma tentativa de fugir dos problemas urgentes internos, como a crise com o orçamento, o risco de acidente nuclear grave no Japão e a crise na Líbia.

O jornal Miami Herald avaliou que a visita é um “pano de fundo da crise militar com a Líbia”. O jornal publicou fotos de protestos contra a viagem de Obama ao Brasil.

O conservador Weekly Standard sugeriu que Obama aproveitasse a visita para tratar com a presidenta Dilma Rousseff do apoio da Venezuela às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Para o jornal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi incapaz de lidar com essa questão.

O jornal Los Angeles Times considerou a viagem “morna e convencional” e lembrou que a Colômbia, maior aliado dos Estados Unidos na América do Sul, ficou fora do roteiro. Segundo o jornal, a explicação é que o país vai sediar uma Cúpula das Américas no próximo ano e que há um tratado de livre comércio com os colombianos parado no Congresso americano.

No New York Times, o apoio de Obama ao pedido do Brasil de um assento permanente no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) foi “modesto”.

A mídia dos Estados Unidos manifestou também descontentamento com a presidenta Dilma Rousseff por ter se recusado a responder perguntas da imprensa, assim como com Obama.

Na avaliação dos meios de comunicação norte-americanos, a viagem de Obama é vista como um ajuste nas relações com a América Latina. São muitos os motivos para melhorar as ligações com o Brasil, segundo os jornais, apesar de Obama não atender aos dois grandes desejos dos brasileiros: a ambição de ter um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU e de retirar taxas à importação do etanol brasileiro.

*Allen Bennett é editor do The News in English

Edição: Graça Adjuto

Fonte: Correio Brasil- online


sexta-feira, 18 de março de 2011

140 da Comuna de Paris


Pode-se falar muita coisa sobre tal movimento. Creio, entretanto, que o programa de governo da Comuna é mais elucidativo do que qualquer coisa a ser dita. Segue abaixo para conhecimento da realidade histórica da humanidade, pois afinal de contas somos os únicos mamíferos que humilham e exploram uns aos outros.

  1. O trabalho noturno foi abolido;
  2. Oficinas que estavam fechadas foram reabertas para que cooperativas fossem instaladas;
  3. Residências vazias foram desapropriadas e ocupadas;
  4. Em cada residência oficial foi instalado um comitê para organizar a ocupação de moradias;
  5. Todas os descontos em salário foram abolidos;
  6. A jornada de trabalho foi reduzida, e chegou-se a propor a jornada de oito horas;
  7. Os sindicatos foram legalizados;
  8. Instituiu-se a igualdade entre os sexos;
  9. Projetou-se a autogestão das fábricas (mas não foi possível implantá-la);
  10. O monopólio da lei pelos advogados, o juramento judicial e os honorários foram abolidos;
  11. Testamentos, adoções e a contratação de advogados se tornaram gratuitos;
  12. O casamento se tornou gratuito e simplificado;
  13. A pena de morte foi abolida;
  14. O cargo de juiz se tornou eletivo;
  15. O calendário revolucionário foi novamente adotado;
  16. O Estado e a Igreja foram separados; a Igreja deixou de ser subvencionada pelo Estado e os espólios sem herdeiros passaram a ser confiscados pelo Estado;
  17. A educação se tornou gratuita, secular, e compulsória. Escolas noturnas foram criadas e todas as escolas passaram a ser de sexo misto;
  18. Imagens santas foram derretidas e sociedades de discussão foram adotadas nas Igrejas;
  19. A Igreja de Brea, erguida em memória de um dos homens envolvidos na repressão da Revolução de 1848 foi demolida. O confessionário de Luís XVI e a coluna Vendome também;
  20. A Bandeira Vermelha foi adotada como símbolo da Unidade Federal da Humanidade;
  21. O internacionalismo foi posto em prática: o fato de ser estrangeiro se tornou irrelevante. Os integrantes da Comuna incluíam belgas, italianos, poloneses, húngaros;
  22. Instituiu-se um escritório central de imprensa;
  23. Emitiu-se um apelo à Associação Internacional dos Trabalhadores;
  24. O serviço militar obrigatório e o exército regular foram abolidos;
  25. Todas as finanças foram reorganizadas, incluindo os correios, a assistência pública e os telégrafos;
  26. Havia um plano para a rotação de trabalhadores;
  27. Considerou-se instituir uma Escola Nacional de Serviço Público, da qual a atual ENA francesa é uma cópia;
  28. Os artistas passaram a autogestionar os teatros e editoras;
  29. O salário dos professores foi duplicado.

O link abaixo disponibiliza o filme Comuna de Paris, realizado na França. Infelizmente existem legendas apenas em Inglês.

video.google.com/videoplay?docid=-7612769772553247592






Fonte: Afonso Costa- jornalista


8353-3713

quarta-feira, 16 de março de 2011

Os Direitos Humanos, porque não?

Brasil
Frei Beto: Brasil assassino



Defender direitos humanos no Brasil ainda é considerado um acinte

Frei Betto

Madrugada de sábado, 19 de fevereiro de 2011. Aglomerado da Serra, região habitada por famílias de baixa renda em Belo Horizonte. Três soldados da ROTAM (Rondas Táticas Metropolitana), comandados pelo cabo PM Fábio de Oliveira, 45, cercam dois pacatos moradores - o enfermeiro Renilson Veridiano da Silva, 39, e seu sobrinho, o auxiliar de padeiro Jeferson Coelho da Silva, 17.

Acusados de serem traficantes de drogas, tio e sobrinho negam. Os policiais militares gritam que traficantes têm que pagar propina. Eles não têm dinheiro. Obrigados a deitar no chão, os dois são fuzilados.

Vizinhos e amigos das vítimas se revoltam. Na manhã seguinte, queimam três ônibus. O governador Antônio Anastasia exige apuração. Os policiais são presos na quarta, 23. O cabo Oliveira, que comandava a patrulha, fica numa cela do 1º Batalhão da PM.

Na quinta, 24, o cabo recebe a visita de sua ex-mulher e do advogado Ricardo Gil de Oliveira Guimarães. O preso aparenta tranquilidade.

Na sexta, 25, ao amanhecer, o cabo Oliveira é encontrado morto na cela, enforcado pelo cadarço do calção que usava, amarrado ao registro da água do chuveiro.

Suicídio ou suicidado? Desespero ou queima de arquivo? Autoridades policiais que investigam o caso suspeitam que calaram definitivamente o cabo para evitar que denunciasse outros assassinatos cometidos pela PM mineira.

Dois inocentes trabalhadores mortos à queima roupa. O governador Anastasia está diante de sua primeira oportunidade de comprovar que a PM de Minas não pode ser confundida com reduto de assassinos.

* * *

Na segunda, 28 de fevereiro, o corpo de Sebastião Bezerra da Silva, 40, da Comissão de Direitos Humanos de Tocantins, foi encontrado numa fazenda do município de Dueré (TO). Os dedos das mãos estavam quebrados e, sob as unhas, sinais de agulhadas; os dedos dos pés tinham sido arrancados; e se apurou que fora asfixiado por estrangulamento.

Representante regional do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Silva havia denunciado PMs por prática de torturas e assassinatos. Nos últimos meses, apurava a responsabilidade pelo linchamento de um preso numa delegacia do interior.

Cabe ao governador Siqueira Campos, de Tocantins, apurar este crime hediondo e demonstrar que seu estado nada tem a ver com o velho faroeste onde imperava a lei do mais forte.

* * *

O presídio Urso Branco, de Porto Velho (RO), comporta 456 presos. A 31 de dezembro de 2001 abrigava 1,2 mil detentos. Muitos circulavam livremente pelos pavilhões. O poder judiciário determinou que todos fossem recolhidos às celas.

No dia 1º de janeiro de 2002, o diretor do presídio, Weber Jordano Silva; o gerente do sistema penitenciário, Rogélio Pinheiro Lucena; e o diretor de segurança, Edilson Pereira da Costa, decidiram misturar, no pátio, os presos jurados de morte com os demais.

Arrastados, os condenados pela lei do cão gritavam pelos corredores, pediam clemência aos agentes penitenciários, pois tinham certeza do destino que os aguardava. Em vão. Foram assassinados 27 presos.

No sábado, 26 de fevereiro de 2011 – nove anos após o massacre – a Justiça de Rondônia condenou 17 detentos, acusados de participarem da chacina, a sentenças de 378 anos a 486 anos. Os diretores e agentes penitenciários foram todos absolvidos.

A Comissão de Justiça e Paz da Arquidiocese de Porto Velho criticou a promotoria por inocentar o ex-diretor de segurança: “Era quem mais sabia que, se colocasse os presos no pátio, eles seriam mortos.”, declarou Cíntia Rodrigues, advogada da comissão.

* * *

Os três episódios acima descritos representam, lamentavelmente, o reino da impunidade e da imunidade que assola o Brasil. Defender direitos humanos no Brasil ainda é considerado um acinte. A Justiça é cega quando se trata de penalizar autoridades e policiais, pois não enxerga que a lei não admite que se aja acima dela. Nossos policiais recebem formação inadequada, muitos atuam com prepotência por vestirem uma farda e portar uma arma, humilham cidadãos pobres e praticam extorsões.

A ministra Maria do Rosário, da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, deve se antecipar na exigência de apuração de tão graves crimes, antes que o Brasil passe a vergonha de se ver, mais uma vez, condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos da OEA.

Frei Betto é escritor, autor de “Diário de Fernando – nos cárceres da ditadura militar brasileira” (Rocco), entre outros livros. www.freibetto.org - twitter:@freibetto

Fonte: Patria Latina- online

domingo, 13 de março de 2011

Aula Inaugural do MST

Movimento dos Sem Terra, convida a todos, a participarem da aula inaugural, na Praia Vermelha/UFRJ-RJ

quinta-feira, 10 de março de 2011

Lutadoras, avançando sempre

Conheça as mulheres lutadoras do século XIX

Por Adriana Carvalho *

Juana AzurduyQuando se pensa nos processos de Independência que sacudiram a América Latina no século XIX, surge na lembrança sempre os grandes homens, heróis como Simón Bolívar, Belgrano ou San Martin. No imaginário latino-americano ficaram gravadas imagens de grandes batalhas, de exércitos rebeldes comandados pelos criollos, que lutaram contra o poderio espanhol. Entretanto, não povoa neste imaginário a presença das mulheres, pois a tradição historiográfica da “História dos grandes homens” não as contempla. Todavia, cabem indagações sobre a atuação feminina, uma vez que o território não era habitado apenas por indivíduos do sexo masculino.

Um passo importante na resolução destas questões tem sido dado por meio de pesquisas sobre a atuação das mulheres nas lutas pela Independência, seja cumprindo tarefas de mensageiras, atuando enquanto suporte logístico (cozinhando, lavando), e até mesmo dirigindo batalhões. Uma obra que auxilia no sentido de problematizar estas questões é “ América Latina no século XIX – Tramas, Telas e Textos” (ed. Edusp) de Maria Lígia Coelho Prado. O primeiro capítulo é dedicado a investigar exatamente a questão da intervenção feminina na história da América Latina, o que permite uma primeira aproximação com o tema.

Defunta CorreaUma das primeiras figuras femininas na história da América Latina no século XIX é venerada na Argentina: donã Diolinda Correa que, com o filho ainda bebê, seguiu o marido, rumo ao campo de batalha com exército de facundo Quiroga. A luta em questão era o embate entre federalistas e unitários, que dividiu a Argentina no momento posterior à Independência. As dificuldades do terreno e a falta de alimento e de repouso a levaram à morte. Neste momento, Diolinda, ou Defunta, deixa a vida para entrar na mitologia.

A lenda construída em torno de sua figura diz que as dificuldades a levaram a morte e que, no momento em que seu corpo foi encontrado, seu filho estava em seus braços, vivo, sendo alimentado pelo leite que saia de seus seios, mesmo ela estando morta. As condições de sua morte transformaram doña Difunta Correa em mártir e, pouco tempo depois, em santa. Atualmente, representa um dos ícones da campanha de amamentação em alguns países da América Latina.

Outra grande mulher que se envolveu de modo bem efetivo na luta foi doña Juana Azurduy de Padilla, que, junto ao marido, lutou contra as forças realistas no vice-reino do Alto Peru. Esta mulher se envolveu em cerca de 23 ações armadas, comandando um batalhão de mulheres, denominadas na época de “las amazonas” e chegou à patente de tenente-coronel.

Juana AzurduyEra admirada por sua bravura e determinação e nem a morte do marido fez com que se abatesse, pois seguiu lutando até o triunfo da causa rebelde. Após a emancipação do território argentino, Juana passou a receber uma pequena ajuda financeira do governo, como forma de retribuição aos serviços prestados para a causa da Independência. Juana havia perdido todos os bens, e o marido. A única pessoa que sobreviveu além dela foi uma filha. Pouco tempo depois, deixou de receber a ajuda governamental, falecendo aos oitenta anos, pobre e esquecida. Clique aqui e ouça uma música feita para Juana Azurduy, na voz de Mercedes Sosa.

Leona VicarioNo México, há doña Leona Vicario, que, como Juana, era oriunda também de uma família de muitas posses. Ainda adolescente tornou-se orfã, indo viver com o tio. Se envolveu com a causa insurgente através do noivo, Andrés Quintana Roo, partidário da causa da independência. O pedido de casamento foi recusado pelo tio-tutor de Leona. O noivo foi para o campo de batalha, lutando com as tropas de Morelos em Oaxaca, e a jovem o auxiliava a distância, fornecendo-lhe informações e chegou a ser presa.

Após a fuga da prisão, foi lutar junto a Andrés pela independencia mexicana, casou e teve filhos no auge do processo de luta contra os realistas. Após a Independência, prosseguiu na luta, desta vez nas fileiras do Partido Federalista. Sua atuação política foi marcante na sociedade mexicana do período, o que, quando da sua morte, fez com que recebesse homenagens inclusive do presidente, Carlos Maria de Bustamante, que declarou ser Leona “el ornato de su sexo y la gloria de su patria” (ornamento de seu sexo e a glória de sua pátria).

Ainda no México há Josefa Ortiz de Domínguez, mais uma jovem de posses que tem contato com os insurgentes. Josefa era casada com Miguel Domínguez, corregedor da região de Querétaro. Quando se inicia o processo de conspiração pela independência mexicana, o casal alia-se aos conspiradores e Josefa cumpre um importante papel como “mensageira” dos rebeldes.

PolicarpaO papel de mensageira foi desempenhado por inúmeras mulheres entretanto, vale destaque uma delas, donã Policarpa Salavarrieta (la Pola), do vice-reino de Nova Granada (atuais Venezuela, Colombia e Panamá). De família humilde, Pola trabalhava como costureira e tinha livre acesso às casas mais nobres (pela porta das empregadas).

Aproveitou-se da ingenuidade de seus patrões (majoritariamente realistas) para desempenhar sua tarefa, a de espiã da causa rebelde. Sua facilidade deveu-se ao fato do próprio preconceito da sociedade da sua época: poucos podiam imaginar que aquela simples serviçal seria um importante elemento da causa rebelde, e falavam abertamente sobre política diante dela. Durante muito tempo, Pola dedicou-se à espionagem, mas um dia foi descoberta e presa, sendo fuzilada em praça pública diante de uma multidão indignada. Antes de morrer, Pola fez um discurso fervoroso, em que denunciou a opressão imposta pelos espanhóis .

O fato é que a vida de nossas heroínas por si só, daria vários romances. As narrativas que envolvem estas mulheres são povoadas de conspirações, paixões, fuzilamentos, abdicações e fugas, bem à moda latino-americana. Todavia, qual a memória se perpetuou? Como primeira reflexão, há que se analisar que poucas vezes essas mulheres são lembradas quando se pensa na trajetória política dos países pelos quais elas lutaram.

O que há de subsídio para a compreensão dos diferentes papéis das mulheres nos processos de Independência da América Latina muitas vezes se restringe ao esquecimento, uma vez que são poucas as fontes documentais acerca da atuação feminina nas batalhas.

Um recurso ultilizado pela História foi transformá-las em mitos, lendas, totalmente desarticuladas da política e, portanto, desconsideradas enquanto “sujeitos” que fizeram a História, que conspiraram, que lutaram, seja pegando em armas, seja apropriando-se de informações. Ter acesso a estes fatos e dialogar com esta memória, pode ser um importante referencial na busca da identidade política da mulher latino-americana contemporânea.

Na atualidade, uma série de mulheres se envolvem no meio político, tendo acesso aos altos postos da hierarquia dos países latino-americanos. Não cabe aqui fazer uma análise sobre o que representa o governo de Michele Bachelet no Chile, ou da candidatura de Cristina Kirchner para a presidência da Argentina todavia, devemos reconhecer que as mulheres latino-americanas, temos um histórico de luta, pois muitas vieram antes de nós.


* Adriana de Carvalho Alves, historiadora (Faculdade Teresa Martin), professora de escola pública, integrante do grupo Canto Libre e latino-americana. Clique aqui para entrar em contato.

terça-feira, 8 de março de 2011

Cuba, da o campeonato, a Escola de Samba União da Magia-SC

Escola que homenageou Cuba é campeã do Carnaval


Destaque em carro, filha de Che Guevara, ajuda escola a conquistar o Carnaval de Florianópolis.

Foto: Fabricio Escandiuzzi/Especial para Terra

A escola da comunidade da Lagoa da Conceição, União da Ilha da Magia, de Florianópolis (SC), trouxe para avenida um tema recheado de polêmica. O enredo "Cuba sim. Em nome da verdade", ousou retratar os EUA como "monstros" e os guerrilheiros de Che e Fidel como ícones da liberdade. Política à parte, o desfile encantou os jurados e trouxe o primeiro título para a agremiação em apenas três anos de história. A União deixou para trás escolas tradicionais da cidade, como a Copa Lord, atual campeã, e a Protegidos da Princesa, fundada em 1948 e detentora de 24 campeonatos. Unidos da Coloninha e Consulado do Samba ficaram na quarta e quinta posição, respectivamente.

As três primeiras colocadas voltarão à passarela nesta terça-feira (8) para o desfile das campeãs. A filha de Che, Aleida Guevara, permanece em Florianópolis para uma série de palestras na quarta e quinta-feira, mas ainda não confirmou presença no novo desfile.

Em uma proposta ousada, causando grande expectativa na sociedade, a escola conseguiu fazer um desfile impecável e conquistar boas notas em quase todos os quesitos. A escola ganhou com 264,8 pontos. Em segundo lugar ficou a Embaixada Copa Lord, com 261,5 pontos, e, em terceiro a Protegidos da Princesa com 261,3 pontos.

A médica e revolucionária cubana Aleida Guevara foi destaque na passarela e participou da apuração na arquibancada ao lado da comunidade da Lagoa da Conceição. A cada nota dez recebida a comunidade se levantava e comemorava a aproximação do título.

Aleida também comemorou a vitória e saudou a coragem da escola e a homenagem feita a seu povo e sua revolução. O enredo da União da Ilha da Magia (UIM) foi cantado por todos, e palavras de ordem como "Cuba sim, yankees não. Viva Fidel e a revolução" também foram ecoadas.

O destaque na pontuação foi também para a Comissão de Frente, que na Passarela Nego Quirido montou um mosaico com o rosto de Che Guevara, e para a bateria UIM, com todos os seus integrantes vestidos de guerrilheiros revolucionários.



Fonte: da redação, com agências
Fonte: Patria Latina- online

Imperialismo em ação

O plano secreto de Obama para armar rebeldes da Líbia


Obama pede aos sauditas uma ponte aérea com armas para Benghazi.

por Robert Fisk

Desesperado para evitar o envolvimento militar dos EUA na Líbia no caso de uma luta prolongada entre o regime Kadafi e os seus opositores, os americanos pediram à Arábia Saudita que fornecesse armas aos rebeldes em Benghazi. O reino saudita, que já enfrenta um "dia da ira" proveniente do 10 por cento da comunidade muçulmana xiita, com uma proibição de todas as manifestações, até agora ainda não respondeu ao pedido altamente secreto de Washington, embora o rei Abdullah odeie pessoalmente o líder líbio, a quem tentou assassinar há pouco mais de um ano.

O pedido de Washington alinha-se com outras cooperações militares dos EUA com os sauditas. A família real em Jeddah, a qual estava profundamente envolvida no escândalo Contra durante a administração Reagan, deu apoio imediato aos esforços americanos para armar guerrilhas que combatiam o exército soviético no Afeganistão em 1980 e posteriormente – para desgosto da América – também financiou e armou o Taliban.

Mas os sauditas constituem o único aliado árabe dos EUA estrategicamente colocado e capaz de fornecer armas às guerrilhas da Líbia. A sua assistênci permitiria a Washington desmentir qualquer envolvimento militar na cadeia de fornecimento – muito embora as armas fossem americanas e pagas pelos sauditas.

Disseram aos sauditas que os oponentes de Kadafi precisam de rockets anti-tanque e morteiros como primeira prioridade para repelir ataques de blindados de Kadafi e de mísseis terra-ar para derrubar os seus caças-bombardeiros.

Os materiais poderiam chegar a Benghazi dentro de 48 horas mas precisariam ser entregues em bases aéreas na Líbia ou no aeroporto de Benghazi. Se as guerrilhas puderem então avançar para a ofensiva e assaltar as fortalezas de Kadafi na Líbia ocidental, a pressão política sobre a América e a NATO – não menor que a dos membros republicanos do Congresso – para estabelecer uma zona de interdição de voo seria reduzida.

Planejadores militares estado-unidenses já deixaram claro que uma zona desta espécie precisaria de ataques aéreos dos EUA contra o funcionamento das bases de mísseis anti-aéreos da Líbia, ainda que gravemente esgotados, portanto trazendo Washington directamente para a guerra ao lado dos opositores de Kadafi.

AWACS da US Navy. Durante vários dias, aviões de vigilância AWACS dos EUA têm estado a voar em torno da Líbia, fazendo contacto constante com o controle de tráfego aéreo de Malta e pedindo pormenores de padrões de voo líbios, incluindo jornadas feitas nas últimas 48 horas pelo jacto privado de Kadafi, o qual voou para a Jordânia e voltou à Líbia pouco antes do fim de semana.

Oficialmente, a NATO descreverá a presença de aviões AWACS americanos apenas como parte da sua Operation Active Endeavor pós 11/Set, a qual tem vasta autonomia para empreender medidas de contra-terrorismo na região do Médio Oriente.

Os dados dos AWACS são transferidos a todos os países da NATO sob o mandato existente da missão. Contudo, agora que Kadafi foi restabelecido como um super-terrorista no léxico ocidental, a missão da NATO pode facilmente ser utilizada para investigar alvos na Líbia se forem empreendidas operações militares activas.

O canal de televisão em inglês da Al Jazeera difundiu na noite passada gravações feitas pelo avião americano para o controle de tráfego aéreo de Malta, em que pedia informação acerca de voos líbios, especialmente o do jacto de Kadafi.

Um avião AWACS americano, matrícula número LX-N90442, podia ser ouvido a contactar a torre de controle de Malta no sábado a pedir informação acerca de um Dassault-Falcon 900 jet 5A-DCN da Líbia no seu caminho de Amman para Mitiga, o próprio aeroporto VIP de Kadafi.

Ouve-se o AWACS 07 da NATO dizer: "Tem informação acerca de um avião com a posição Squawk 2017 cerca de 85 milhas a Leste da nossa [sic]?"

O controle de tráfego aéreo de Malta responde: "Sete, isso parece ser o Falcon 900 – em nível de voo 340, com destino a Mitiga, segundo o plano de voo".

Mas a Arábia Saudita já está a enfrentar perigos de um dia de protesto coordenado pelos seus próprios cidadãos muçulmanos xiitas os quais, fortalecidos pelo levantamento xiita na ilha vizinha de Bahrain, na sexta-feira apelaram a manifestações de rua contra a família dirigente dos al-Saud.

Depois de despejar tropas e polícia de segurança no província de Qatif, na semana passada, os sauditas anunciaram uma proibição à escala nacional de todas as manifestações públicas.

Os organizadores xiitas afirmam que mais de 20 mil protestatários planeiam manifestar-se com mulheres nas linhas de frente para impedir o exército saudita de abrir fogo.

Contudo, se o governo saudita aceder ao pedido da América para enviar armas e mísseis aos rebeldes líbios, seria quase impossível para o presidente Barack Obama condenar o reino por qualquer violência contra os xiitas das províncias do Nordeste.

Portanto, no espaço de tempo de apenas umas poucas horas o despertar árabe, a exigência de democracia na África do Norte, a revolta xiita e o levantamento contra Kadafi tornaram-se embrulhados com as prioridades militares dos EUA na região.

07/Março/2011

O original encontra-se em The Independent e em

http://www.countercurrents.org/fisk070311.htm

Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

segunda-feira, 7 de março de 2011

A posição do Brasil

Patriota: Intervenção na Líbia apenas com aval da ONU

6/3/2011 8:06, Por Agência Brasil

Antonio Patriota

Antonio Patriota encerrou sua visita à China e seguiu para a Índia

Em viagem à Índia e ao Sri Lanka, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, ratificou neste domingo que o Brasil somente apoiará uma intervenção internacional na Líbia se houver o aval do Conselho de Segurança das Nações Unidas. O porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes, que acompanha Patriota, disse ainda a jornalistas que o assessor de Segurança Nacional da Índia, Shivshankar Menon, afirmou que os indianos também têm a mesma posição brasileira.

Parte da comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, pela Inglaterra e França, defende a intervenção ou exclusão aérea – que determina que o espaço aéreo líbio fique sob supervisão de militares estrangeiros – para pressionar a renúncia do presidente da Líbia, Muammar Khadafi. No entanto, Brasil e Índia só chancelam a proposta em meio à decisão do Conselho de Segurança Nacional.

Na visita a Nova Deli, Patriota conversou também com o ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, S. M. Krishna, que reiterou que, a exemplo do Brasil, a Índia é defensora da ampliação do Conselho de Segurança para que brasileiros e indianos também integrem o órgão. Ambos se comprometeram a intensificar as articulações sobre o assunto.

As conversas sobre a reforma do Conselho de Segurança e o incremento das relações comerciais na região fazem parte da 7ª Reunião da Comissão Mista Ministerial do Fórum de Diálogo Índia-Brasil-África do Sul (Ibas), marcada para este ano.

O Brasil é o maior parceiro comercial da Índia na América Latina, sendo que os indianos são o 4º maior parceiro comercial dos brasileiros na Ásia – depois de China, Japão e Coreia do Sul. O intercâmbio comercial entre o Brasil e a Índia mais do que triplicou nos últimos cinco anos, passando de US$ 2,3 bilhões, em 2005, a US$ 7,7 bilhões , em 2010.

Hoje Patriota passa o dia em Colombo, capital do Sri Lanka. O chanceler tem reuniões com o presidente do Sri Lanka, Mahindra Rajapaksa, e com o ministro das Relações Exteriores, G. L. Peiris. É a primeira visita de um chanceler brasileiro ao Sri Lanka.

Nas conversas, há articulações para cooperação técnica nas áreas de agricultura, biocombustíveis e turismo, além de programas sociais. Também conversam sobre a organização de uma agenda internacional e a coordenação nas reuniões do G15 – que reúne Argélia, Argentina, Brasil, Chile, Egito, Índia, Indonésia, Irã, Jamaica, Quênia, Nigéria, Malásia, México, Peru, Senegal, Sri Lanka, Venezuela e Zimbábue. A próxima cúpula do G15 será em 2012 no Sri Lanka.

No período de 2008 e 2009, o comércio entre o Brasil e a Índia duplicou, passando de US$ 44,6 milhões para US$ 109,2 milhões. Na pauta de exportações do Brasil para o Sri Lanka os produtos que lideram são o açúcar, a borracha e os derivados, como os pneus.

Fonte: agência Brasil- online

sábado, 5 de março de 2011

Paises da América Latina, atenção com o Líbano


04.03.11 - Venezuela
Alba busca saída negociada para conflito na Líbia
Karol Assunção
Jornalista da Adital
Adital

Chanceleres de países que formam a Aliança Bolivariana para os Povos de Nossa América (Alba) participam, hoje (4), de uma reunião em Caracas, capital venezuelana, para discutir a situação da Líbia. A ideia é avançar na proposta de mediação do conflito interno líbio e rechaçar a intervenção militar estrangeira. O país do norte da África é, desde o último dia 17, cenário de confrontos entre movimentos a favor e contra o governo de Muammar Kaddafi.

A expectativa é que a reunião ocorra às 10h (horário local), na Casa Amarela, sede da chancelaria venezuelana, e conte com a presença de ministros das relações exteriores de Venezuela, Equador, Bolívia, Cuba, Nicarágua, Antigua e Barbuda, Dominica, e São Vicente e Granadinas.

O plano de mediação política do conflito da Líbia foi proposto pelo mandatário venezuelano Hugo Chávez, quem condena a intervenção militar estrangeira no país norte-africano. De acordo com informações de agências, Chávez confirmou que já conversou com Kaddafi sobre o assunto e obteve resposta favorável a respeito do plano de formação de uma comissão que promova o diálogo entre as duas partes em confronto.

"Falei (por telefone) com Kaddafi e [ele] me disse que sim, aceitava a comissão e que esta, oxalá, não esteja formada somente por países, mas também pela Organização das Nações Unidas (ONU) para que vejam o que realmente ocorre antes de condenar e pensar em invadir o povo da Líbia”, declarou.

A proposta também é analisada pela Liga Árabe, a qual condena invasões militares estrangeiras na nação africana. A sugestão de Chávez vai de encontro ao plano da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que, liderado pelos Estados Unidos, mobiliza um arsenal militar para a região do país norte-africano.

Informações dão conta de que o chefe da Otan afirmou ter tomado "nota da petição” elaborada pelos opositores de Kaddafi "de uma intervenção aérea estrangeira”. Além de Venezuela, Cuba e Nicarágua já declararam que são contra a investida militar na Líbia e denunciaram que a ação promovida pelos Estados Unidos é motivada por interesses energéticos e pelo posicionamento geográfico do país.

Na última quarta-feira (2), Kaddafi condenou a intervenção estrangeira e advertiu para uma possível guerra com "milhares de mortos”, caso Estados Unidos ou Otan invadam o país. "Entraremos em uma guerra sangrenta e milhares e milhares de líbios morrerão se Estados Unidos (EUA) ou Otan entrem no país”, alertou.

Manifestações

Motivadas pelas ondas de protestos que derrubaram os presidentes da Tunísia e do Egito, grupos de oposição tomaram as ruas da Líbia para realizar mobilizações contra Kadhafi, que está no poder há quase 42 anos. As ações ganharam força a partir do dia 17 fevereiro e logo iniciou o confronto entre grupos favoráveis e contrários a Kadhafi. Estima-se que o conflito já tenha causado a morte de centenas de pessoas e o deslocamento de milhares.

Com informações de Telesur e AVN


quinta-feira, 3 de março de 2011

Queremos a Líbia, para os libaneses

Todo o apoio à luta do povo Líbio contra a tirania e o imperialismo

(Nota Política do PCB)

Os processos de revoltas populares em curso em diversos países do Oriente Médio têm pontos comuns e diferenças importantes entre si.

No caso da Líbia, é marcante o fato de que Moamar Khadafi, a partir da tomada do poder, em 1969, por meio de um golpe militar (que derrubou a monarquia então reinante, aliada aos governos dos principais países capitalistas), ter se aliado a países e movimentos que combatiam o imperialismo, nacionalizando o setor produtor de petróleo (a Líbia é hoje o terceiro maior produtor de petróleo da África e o detentor das maiores reservas provadas (cerca de 44 bilhões de barris). e utilizando boa parte dos respectivos recursos para modernizar e desenvolver a economia do país. As condições de vida do povo logo melhorariam, e em muito: a Líbia chegou a apresentar o maior IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) de toda a África. A sociedade se modificou, com o aparecimento de camadas médias e de trabalhadores qualificados, com bom acesso à educação e outros direitos sociais.

As retaliações do imperialismo a todos estes avanços e à postura política independente e progressista da Líbia foram constantes e numerosas, como em 1986, no ataque aéreo dos EUA a Trípoli e Bengazi, lançado de bases da OTAN na Inglaterra, quando 60 pessoas, incluindo a filha de Khadafi, foram mortas. Fortes sansões foram também impostas nesse período pelos Estados Unidos e pelos principais países capitalistas ao país, com o claro intuito de destruir sua economia e inviabilizar o regime e suas políticas claramente progressistas.

Fatores como a queda da URSS enfraqueceriam, logo a seguir, a economia e a autonomia política da Líbia e, após a invasão do Iraque pelos EUA e seus aliados, em 2003, tentando, ao que tudo indica, evitar outra agressão à Líbia, Khadafi começou a fazer concessões políticas e econômicas ao imperialismo, abrindo a economia a bancos e empresas – com destaque para o setor petrolífero e as corporações italianas e inglesas – e passou a cumprir as exigências do FMI e do Banco Mundial para promover reformas econômicas, onde os principais elementos foram a privatização de empresas estatais, o corte de gastos sociais e dos subsídios para a compra de alimentos e combustível, deixando de lado e de vez as propostas de transformações da sociedade no rumo da construção socialista.

Khadafi se acomodou no poder, fazendo alianças com a burguesia líbia, em ascensão, abrindo mão da construção de uma democracia participativa direta e se estagnando numa espécie de governo familiar – com seus filhos e parentes – e desistiu de levar adiante projetos de afirmação nacional como o da construção de artefatos nucleares. Como “prêmio”, Khadafi passou a ser aceito como uma liderança junto a governos como o de Tony Blair, Sarkozy, Silvio Berlusconi e Bush.

O resultado destas políticas foi um quadro de inflação e desemprego que, aliado à crise do capitalismo internacional em curso e ao caráter autoritário do regime, gerou a revolta e mobilizou a população, que identifica em Khadafi a origem de seus problemas. O quadro, no entanto, abre margem para tentativas de manipulação política de fontes internas e externas ao país: ao descontentamento com a natureza fechada e dura do regime, somam-se os interesses da burguesia líbia em manter-se no poder, com outra forma de governo, e dos países imperialistas que, com a difusão de forte propaganda, induzem setores populares a empunhar a bandeira da monarquia deposta e a reabilitar o antigo rei Idris, fiel seguidor dos ditames dos EUA e da Inglaterra. A CIA, por sua vez, se faz presente no treinamento e financiamento do grupo Frente Nacional para a Salvação da Líbia e mantém agentes infiltrados nas movimentações populares. .

Setores da direita norteamericana tentam promover uma campanha para uma intervenção militar direta dos EUA na Líbia. É no mínimo suspeita a cobertura da mídia sobre as manifestações e também é mais suspeito ainda a movimento dos governos dos EUA e da União Européia em aprovar novas sanções contra a Líbia. Já se fala abertamente, também, em constituir-se uma zona de exclusão aérea na parte da Líbia onde a revolta é maior.

Ao mesmo tempo em que criticamos a violência que vem sendo exercida contra os manifestantes na Líbia e em todos os países árabes e africanos, registramos a hipocrisia dos países imperialistas, que têm uma política de dupla moral: apesar de falarem em defesa dos direitos humanos, são eles os principais responsáveis pelas violações desses direitos no mundo e também os principais apoiadores e financiadores de ditaduras sanguinárias, não só entre árabes e africanos, mas em todas as regiões do planeta.

O Partido Comunista Brasileiro, coerente com sua linha política e com sua ação internacionalista, espera que as manifestações populares na Líbia e nos demais países da região resultem em governos democráticos, progressistas e revolucionários, capazes de proporcionar novas condições de vida para a população e um novo rumo de desenvolvimento, justiça e igualdade social para seus países, fora do jugo mesquinho dos interesses imperialistas.

PCB – Partido Comunista Brasileiro

Comissão Política Nacional

2 de março de 2011


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Veja a Página do PCB – www.pcb.org.br

Pequenos colombianos, vitimas

Pequenos colombianos, vitimas
O Mercado, não vê indigência

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