Nota de Imprensa
Palestina Ocupada, 30 de Março 2011 – No terceiro dia de Acção Global de Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel a ter lugar no Dia da Terra Palestina (30 de Março), orgulhamo-nos de anunciar a publicação do desconcertante e potencialmente explosivo relatório da Stop the Wall, sobre as crescentes relações militares entre o Brasil e Israel.
Apesar do recente reconhecimento do Estado da Palestina pelo Brasil, e da sua longa tradição em apoiar os direitos palestinos e a lei internacional, o Governo Brasileiro assinou contratos no valor de centenas de milhares de dólares com a indústria de armamento de Israel.
O facto que Isarel continue a exercer, há já várias décadas, a brutal e ilegal ocupação de Gaza, recusando os direitos dos refugiados palestinos, aumentando descaradamente as políticas de apartheid, e rejeitando toda e qualquer tentativa internacional de atingir um justo acordo de paz com Palestinos e Árabes, não deteve o Brasil de se tornar um dos mais significativos importadores mundiais de armas israelitas, muitas das quais promovidas como “testes de campo”.
O documento de 30 páginas mostra detalhes dos programas assinados com Israel no valor de quase mil milhões de dólares. Israel, por sua vez, reforçou a sua presença na indústria de armamento brasileira através de aquisições, joint ventures e parcerias estratégicas. Os esforços israelitas para obter um amplo estabelecimento no Brasil e, desta forma, penetrar também noutros países progressistas sul americanos não é mera coincidência. O Brasil mantém actualmente uma representação das suas forças armadas em Tel Aviv e recentemente assinou um acordo de cooperação de segurança entre com Israel, que permite a este último fazer negócios a um nível de segurança classificado “elevado”. A indústria militar israelita diz que de momento estão a ser preparados contratos no valor de vários milhares de milhões de dólares para a Copa de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil. Das sete empresas noticiadas nos jornais que se encontram em competição para obtenção de contratos, seis têm ligações provadas com crimes de guerra israelitas e/ou são suspeitas de estarem envolvidas em actividades de espionagem.
As principais empresas de armamento israelitas activas no Brasil – a Indústria de Aviação Israelita (IAI) e os Sistemas Elbit – para além de estarem directamente envolvidas no fornecimento de armamento ao exército de ocupação israelita, a ser usado para cometer o que o relatório das Nações Unidas “Goldstone” classifica como “crimes de guerra” e possíveis crimes contra a Humanidade, estão também implicadas na construção do Muro na Cisjordânia e na construção de infra-estruturas para colonatos, ambas violações graves do IV Acordo de Genebra e do Parecer Consultivo de 2004 do Tribunal Internacional de Justiça. Por exemplo, espingardas israelitas Tavor produzidas no Brasil são desenvolvidas e testadas durante ataques do exército israelita contra cidades palestinas sob ocupação.
Leia aqui o relatório completo:
Portuguese:
http://stopthewall.org/
English:
http://stopthewall.org/
Comentário da Stop the Wall:
“Entrar em negócio com a indústria de armamento israelita põe seriamente em questão o apoio do Brasil aos direitos do povo palestino, pois estes contratos garantem que as guerras, ocupação e colonização israelitas continuem a gerar lucros. Mais: estes laços militares põem em questão o compromisso do governo brasileiro em apoiar os direitos humanos, paz e criação de um Estado Palestino e parecem contradizer as actuais alianças brasileiras e interesses na região. É preocupante que o Brasil entregue o dinheiro dos impostos dos seus cidadãos às empresas de armamento israelitas. O Brasil não pode conciliar a cumplicidade com as graves violações da lei internacional por parte de Israel e as aspirações a potência mundial emergente, defensora do respeito pela Lei Internacional e pelos Direitos Humanos.”
O Comité Nacional Palestino para o Boicote, Desinvestimento e Sanções (BNC) reitera o seu apelo ao governo brasileiro para que este acabe com todos os laços militares com Israel, pedindo:
- a não ratificação e cancelamento dos acordos de cooperação de segurança com Israel;
- o encerramento imediato do posto das forças armadas brasileiras em Israel;
- a alteração dos regulamentos de contratos do exército brasileiro, de forma a que empresas que violam o direito internacional sejam excluídas dos concursos;
- que seja assegurado que empresas envolvidas em violações do direito internacional sejam impedidas de se estabelecerem em território brasileiro através de meios indirectos, como aquisições de empresas, joint ventures ou licenças;
- que seja assegurado que empresas que violam o direito internacional sejam excluidas de contratos para a Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos, pois não pode ter “fair play” o desporto que recompensa criminosos de guerra.
Contato:
Hind Awwad (Palestina)
+ 972 (0) 599837796



Quando se pensa nos processos de Independência que sacudiram a América Latina no século XIX, surge na lembrança sempre os grandes homens, heróis como Simón Bolívar, Belgrano ou San Martin. No imaginário latino-americano ficaram gravadas imagens de grandes batalhas, de exércitos rebeldes comandados pelos criollos, que lutaram contra o poderio espanhol. Entretanto, não povoa neste imaginário a presença das mulheres, pois a tradição historiográfica da “História dos grandes homens” não as contempla. Todavia, cabem indagações sobre a atuação feminina, uma vez que o território não era habitado apenas por indivíduos do sexo masculino.
Uma das primeiras figuras femininas na história da América Latina no século XIX é venerada na Argentina: donã Diolinda Correa que, com o filho ainda bebê, seguiu o marido, rumo ao campo de batalha com exército de facundo Quiroga. A luta em questão era o embate entre federalistas e unitários, que dividiu a Argentina no momento posterior à Independência. As dificuldades do terreno e a falta de alimento e de repouso a levaram à morte. Neste momento, Diolinda, ou Defunta, deixa a vida para entrar na mitologia.
Era admirada por sua bravura e determinação e nem a morte do marido fez com que se abatesse, pois seguiu lutando até o triunfo da causa rebelde. Após a emancipação do território argentino, Juana passou a receber uma pequena ajuda financeira do governo, como forma de retribuição aos serviços prestados para a causa da Independência. Juana havia perdido todos os bens, e o marido. A única pessoa que sobreviveu além dela foi uma filha. Pouco tempo depois, deixou de receber a ajuda governamental, falecendo aos oitenta anos, pobre e esquecida. Clique aqui e ouça uma música feita para
No México, há doña Leona Vicario, que, como Juana, era oriunda também de uma família de muitas posses. Ainda adolescente tornou-se orfã, indo viver com o tio. Se envolveu com a causa insurgente através do noivo, Andrés Quintana Roo, partidário da causa da independência. O pedido de casamento foi recusado pelo tio-tutor de Leona. O noivo foi para o campo de batalha, lutando com as tropas de Morelos em Oaxaca, e a jovem o auxiliava a distância, fornecendo-lhe informações e chegou a ser presa.
O papel de mensageira foi desempenhado por inúmeras mulheres entretanto, vale destaque uma delas, donã Policarpa Salavarrieta (la Pola), do vice-reino de Nova Granada (atuais Venezuela, Colombia e Panamá). De família humilde, Pola trabalhava como costureira e tinha livre acesso às casas mais nobres (pela porta das empregadas).

