Falsas cidades, interesses escusos
qui, 2010-11-25 15:10h
Internacional
Governo cria Cidades Rurais para controlar os povos indígenas de Chiapas e explorar suas terras
26/11/2010
Orsetta Bellani
de San Cristóbal de
Las Casas (México)
Nos últimos meses, há um grande movimento em Santiago El Pinar. Escavadoras que arranham o solo, caminhões que vão e vêm, e longas fileiras de operários que empilham tijolos nas margens de uma rua em obras, com a boca coberta por lenços para se proteger da poeira que levantam dos carros e dos veículos do Exército, que entram e saem continuamente no acampamento militar deste povoado.
Parece estranho tanto movimento ao redor de uma pequena comunidade indígena dos Altos de Chiapas, a uma hora de San Cristóbal de Las Casas. Um grupo de casas estreitas ao redor da igreja e uma esplêndida vista sobre as verdes montanhas chiapanecas, a uns 3 mil metros sobre o nível do mar. Ali, constrói-se uma das chamadas Cidades Rurais Sustentáveis. Já existe uma Cidade Rural em Chiapas. Está no norte do estado e se chama Novo Juan de Grijalva. A “velha” Juan de Grijalva se viu afetada em 2007 por fortes chuvas que obrigaram os habitantes da zona a serem “transferidos” para estes novos núcleos urbanos.
Mas Juan Sabines, governador do estado de Chiapas, anunciou a criação desses novos núcleos muito antes que as águas arrastassem as casas de muitos indígenas chiapanecos. As Cidades Rurais formam parte de um plano que o governo anunciou para acabar com a pobreza e que o presidente do México, Felipe Calderón, apoia porque, disse ele, essas cidades permitirão aos habitantes desta região viver melhor.
“No México, há uma enorme dispersão da população. Se o governo tem que levar um cabo de luz ou um cano de água, é mais fácil levá-los para mil pessoas do que para dez famílias”, argumentou Calderón em uma visita à região.
BID e Banco Mundial
No entanto, esta não é uma iniciativa do governo de Chiapas. A primeira Cidade Rural do estado mexicano obedece a um plano político e econômico desenhado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e, em especial, pelo Banco Mundial: um plano que se inclui em um projeto coletado em um informe publicado há dois anos, denominado “Nova Geografia Econômica”.
Em 2008, os presidentes do México, Colômbia e outros países da América Central firmaram o acordo comercial Plano Mesoamérica, uma nova versão do Plano Puebla-Panamá cujo fim é criar corredores comerciais e infraestruturas que conectem o sul do México com a Colômbia. Dessa forma, as transnacionais terão via livre para chegar aos recursos naturais da região e transferi-los para os Estados Unidos.
As Cidades Rurais representam um passo a mais para levar adiante o projeto de exploração pensado pelas transnacionais, muitas delas já instaladas em Chiapas. As comunidades que se encontram nessa região representam um obstáculo para as grandes empresas mineradoras.
Agora, as terras abandonadas das comunidades que viverão em novos centros estarão, por fim, disponíveis para as multinacionais mineradoras. Chiapas é rica em recursos naturais, e sua natureza virgem proporciona, também, grandes potenciais turísticos. Para preparar o terreno, durante os últimos anos estão sendo abertas muitas estradas de acesso às comunidades indígenas que vivem na selva.
A construção das Cidades Rurais Sustentáveis se converteram em um negócio: muitas empresas mexicanas e estrangeiras participam do projeto com fins lucrativos, por meio de suas fundações.
Contrainsurgência
Mas o programa Cidades Rurais vai além: ele faz parte do Plano de Desenvolvimento Chiapas Solidária, que, por trás da fachada assistencialista, esconde a estratégia contrainsurgente do governo contra o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). A guerra de baixa intensidade em Chiapas não se combate só treinando paramilitares, mas também através de programas de ajuda às famílias. Assim, provoca-se a divisão das comunidades, criando tensões entre quem aceita as ajudas do governo e quem, como os zapatistas, não a aceitam.
O Programa Cidades Rurais Sustentáveis permite controlar as comunidades, a espoliação de suas terras e, sobretudo, mudar seus costumes. Destrói-se o modo de vida camponesa-indígena e desintegra-se a vida comunitária.
As inundações de 2007 foram o pretexto que permitiu ao governo chiapaneco transferir a população para dentro da primeira Cidade Rural de Nuevo Juan Grijalva. Não foi fácil convencer as centenas de pessoas a deixar suas casas para serem recolocadas em um lugar asséptico e impessoal, onde a única possibilidade será a de se converter em mão de obra barata para as minas, centros turísticos, maquiladoras (fábricas de roupa onde os trabalhadores são superexplorados) ou grandes cultivos que surgirão nas terras por eles abandonadas.
Não está claro qual será agora o argumento que o governo de Sabines inventará para convencer os habitantes das quatro comunidades próximas a Santiago El Pinar para que deixem suas casas. Nem sequer se sabe o motivo pelo qual se escolheu justamente essa região para a construção da segunda Cidade Rural de Chiapas. (Diagonal)
Fonte: Jornal Brasil de Fato
Tradução: Cristiano Navarro
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Lutar pela Liberdade dos Cinco Heroís Cubanos prisioneiros do Império Norte Americano por Defenderem a Soberania de Cuba. Em 1959 em Serra Maestra a Revolução Vitóriosa inaugura o Socialismo na Ilha, promovendo para seu Povo Igualdade de Oportunidade. Nossos Cinco Heroís Cubanos mesmo sofrendo nos presídios do Império continuam lutando por Cuba Socialista. Viva nossos Heroís, Viva Cuba,Viva Revolução e Viva o Socialismo
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