segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Tudo Vale a Pena, quando a Alma Não é Pequena

Poema enviado pela querida Gilda Arantes



O jardim e a noite

Sophia de Mello Breyner Andresen

Atravessei o jardim solitário e sem lua,
Correndo ao vento pelos caminhos fora,
Para tentar como outrora
Unir a minha alma à tua,
Ó grande noite solitária e sonhadora.

Entre os canteiros cercados de buxo,
Sorri à sombra tremendo de medo.
De joelhos na terra abri o repuxo,
E os meus gestos foram gestos de bruxedo.
Foram os gestos dessa encantação,
Que devia acordar do seu inquieto sono
A terra negra dos canteiros
E os meus sonhos sepultados
Vivos e inteiros.

Mas sob o peso dos narcisos floridos
Calou-se a terra,
E sob o peso dos frutos ressequidos
Do presente,
calaram-se os meus sonhos perdidos.

Entre os canteiros cercados de buxo,
Enquanto subia e caía a água do repuxo,
Murmurei as palavras em que outrora
Para mim sempre existia
O gesto dum impulso.

Palavras que eu despi da sua literatura,
Para lhes dar a sua forma primitiva e pura,
De fórmulas de magia.

Docemente a sonhar entre a folhagem
A noite solitária e pura
Continuou distante e intangível
Sem me deixar penetrar no seu segredo.
E eu senti quebrar-se, cair desfeita,
A minha ânsia carregada de impossível,
Contra a sua harmonia perfeita.

Tomei nas minhas mãos a sombra escura
E embalei o silêncio nos meus ombros.
Tudo em minha volta estava vivo
Mas nada pôde acordar dos seus escombros
O meu grande êxtase perdido.

Só o vento passou pesado e quente
E à sua volta todo o jardim cantou
E a água do tanque tremendo
Se maravilhou
Em círculos, longamente.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

O Brasil se afasta dos BRICS- parte I

Brasil afasta-se dos Brics e vota contra a Síria na ONU


Beto Almeida*

O primeiro-ministro da Índia, Manmohan Singh, o presidente Rússia, Dmitri Medvedev, o presidente da China, Hu Jintao, a presidenta Dilma Rousseff e o presidente da da África do Sul, Jacob Zuma, durante foto oficial da 3ª Cúpula dos BRICs. Foto: Roberto Stuckert Filho/PR

Às vésperas do carnaval, a representante do Brasil na ONU votou resolução de condenação ao governo sírio, afastando-se dos BRICS, dos países da ALBA , emitindo contraditória e perigosa mensagem de aproximação com as potências que sustentam intervencionismo militar crescente em escala internacional, especialmente contra países com políticas independentes e emergentes. Um voto que pode ser um tiro no próprio pé futuramente.

O Brasil ficou ao lado dos EUA, Inglaterra, França, Canadá, Espanha, Austrália, Alemanha, que deram sustentação à agressão ao Iraque, ao Afeganistão e , mais recentemente, à Líbia. Contra esta resolução que tendenciosamente condena e responsabiliza apenas o governo da Síria pela escalada de violência generalizada que atinge o país - na qual há farta evidência de ingerência estrangeira - estão a Rússia, China, Índia, África do Sul, países do grupo Brics - do qual o Brasil faz parte - e nove países da Alba, além do Irã, da Argélia, do Líbano, da Coréia do Norte. Este grupo reivindica que a solução da crise síria deve ser exclusiva dos sírios, que escolherão, nos próximos dias, pelo voto popular direto, um novo modelo de Constituição.

A votação na ONU ocorre em meio a pressões das grandes potências de realizarem uma ação de armar a oposição síria. A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Victória Nulandi declarou a insatisfação de seu país diante do veto da Rússia e da China a uma intervenção militar internacional aos moldes da Fórmula Líbia. Ela afirmou, entretanto, que seu país não descarta o fornecimento de armas ao autodenominado Exército Livre da Síria, que, conforme demonstra abundante informação, conta com armamentos, apóio logístico, de comunicações, recursos financeiros e a presença de mercenários que atuaram e atuam na Líbia, com apoio dos principais aliados norte-americanos na região, especialmente da Arábia Saudita e do Qatar.

O papel intervencionista da TV Al-Jazeera

A participação da oligarquia do Qatar no conflito sírio inclui a sistemática falsificação midiática da situação síria por parte da TV Al-Jazeera, emissora que foi fundamental também na sustentação midiática da invasão neocolonial à Líbia, com sofisticada over dose de desinformação, reproduzida ad nauseun por toda a mídia comercial internacional como única fonte informativa, questionada apenas pela Telesur que informava sobre o monumental massacre promovido pela Otan. Aliás, completamente confirmado. A TV Al-Jazeera é uma emissora capturada e plenamente a serviço da oligarquia petroleira internacional e nem mesmo o elogio de certas vozes da esquerda guiada pela Otan ou de ongs internacionais metidas no movimento de democratização da mídia, podem mais evitar esta constatação. O Qatar é um enclave oligárquico onde tem sede uma das mais importantes bases militares dos EUA na região.

Estaria o Itamaraty entrando em algum desconhecido estado de hipnose para não prestar a devida atenção ao público e assumido propósito intervencionista das grandes potências ocidentais na Síria, como revelam as declarações da porta-voz do Departamento de Estado? Em entrevista recente à BBC, o Ministro de Relações Exteriores da Inglaterra, Willian Hauge, disse estar preocupado com uma guerra civil na Síria, mas, confessando o sentido e a sinceridade de sua preocupação, afirmou, na mesma entrevista:

“Como todos viram, não conseguimos aprovar uma resolução no Conselho de Segurança por causa da oposição da China e da Rússia. Não podemos intervir como fizemos na Líbia, mas podemos fazer muitas coisas”.

Declarações semelhantes, anunciando a disposição para apoio militar à oposição no conflito foi dada pelo Chanceler da Holanda, Uri Rosenthal. Com o emblemático silêncio do Itamaraty. Pior ainda, com a adesão do Brasil à resolução patrocinada por este grupo de países historicamente marcados pelo intervencionismo colonial.

O Brasil se afasta dos BRICS- parte ll

Autorização para a matança

Sinais de que algo está se movendo negativamente no Itamaraty de Dilma Roussef surgiram quando, logo no início de seu governo, o Brasil absteve-se na votação da ONU que decidiu - tomando por base informações não confirmadas prestadas por emissoras como a Al Jazeera - pela gigantesca intervenção armada contra a Líbia.

Aproveitando-se da frágil e acovardada posição da chancelaria brasileira naquele episódio, o presidente Barack Obama, o inacreditável Prêmio Nobel da Paz, desrespeitou a Presidenta Dilma e a todos os brasileiros ao declarar guerra à Líbia estando em Brasília! O que mereceu reparos posteriores da própria Dilma. E, pouco depois, uma espécie de confissão governamental sobre o trágico erro da posição brasileira então, quando o Assessor Internacional do Palácio do Planalto, Marco Aurélio Garcia, afirmou que aquela resolução foi na verdade uma “autorização para a matança”. Foram 203 dias bombardeios para “salvar civis”, destruindo toda a infraestrutura construída pelo povo líbio em 40 anos, o que levou aquela nação a registrar o mais elevado IDH da África. Hoje, o petróleo líbio, antes nacionalizado, e utilizado com alavanca para sustentar um sistema de eliminou o analfabetismo, socializou a educação e a saúde, já está nas mãos das transnacionais petroleiras, evidenciando a guerra de rapina. Nem mesmo a esquerda otanista, que apoiou a invasão, pode negar os 200 mil mortos líbios, as prisões abarrotadas, a dizimação sumária das populações negras em cidades totalmente calcinadas, as torturas. Qual é o balanço que o Itamaraty faz de seu próprio voto que, em última instância, encorajou semelhante massacre?

Também é sinal de involução na posição do Itaramaty em relação à gestão de Lula-Celso Amorim, o voto brasileiro na ONU contra o Irã na temática direitos humanos, sobretudo quando é conhecidíssima a descarada manipulação desta esfarrapada bandeira humanista pelo militarismo imperial. Aliás, aquele voto contra o Irã, só não foi acrescido de vexame diplomático internacional porque o governo persa advertiu com informações objetivas ao governo brasileiro de que a tão difundida cidadã iraniana Sakhiné foi condenada por ter assassinado seu marido e não porque teria praticado adultério como tantas vezes se repetiu no sempre duvidoso jornalismo global. E também de que era apenas uma grosseira mentira a “notícia” de que os livros de Paulo Coelho eram censurados no Irã, quando são vendidos livremente, e muito, em todas as livrarias das grandes cidades persas. A ministra da cultura de um país com taxas de leituras raquíticas e analfabetismo vergonhoso quase comete o papelão de um protesto oficial. Desistiu a tempo.

Telhados de vidro

Afeganistão e a proteção de civis -OTAN/ONU

Que diferença da postura firme do Itamaraty no governo que condenou veemente a criminosa guerra imperialista contra o Iraque! Agora, observa-se uma gradual aproximação das posições do Itamaraty aos conceitos e valores daqueles países que promoveram aquelas intervenções indefensáveis contra o Iraque, o Afeganistão e a Líbia. O que indicaria uma contradição evidente também diante das próprias declarações da presidenta Dilma Roussef sobre direitos humanos em Cuba, rejeitando, com justeza, a pressão das grandes potências para a condenação unilateral e descontextualizada de países com posturas independentes. “Todos temos telhados de vidro”, lembrou a mandatária verde-amarela. Corretíssimo! Mas por que então só o Irã foi alvo de voto da delegação brasileira na ONU?

Por que não há voto brasileiro na ONU contra Guatânamo, as torturas praticadas pelos dispositivos militares dos EUA, os seqüestros de cidadãos islâmicos em várias partes do mundo, com a conivência dos países europeus que se gabam de serem professores em matéria de democracia e direitos humanos mas que oferecem seu território, seu espaço aéreo e suas instalações militares para, submissos, colaborarem com as repressivas leis exclusivas dos EUA? Será que o Itamaraty vai fazer algum protesto na ONU diante de declarações de autoridades do Pentágono de que comandos militares dos EUA que executaram Bin Laden no Paquistão poderão atuar também na América Latina?

Não estará havendo um descolamento de algumas posturas do Itamaraty em relação à posição estratégica que a política externa vem construindo ao longo de décadas, reforçada de modo mais elevado e coerente no governo Lula? Neste período, formatou-se uma estratégica prioridade para uma relação cooperativa com os países do sul, uma integração concreta com a América Latina e Caribe, agora consolidada na criação da Celac, a igual prioridade para o fortalecimento da Unasul (inclusive de seu Conselho de Defesa), a defesa da legítima soberania argentina sobre as Malvinas contra a ameaçadora pretensão colônia inglesa e, finalmente, a coordenação e inclusão do Brasil no Grupo do Brics, sem esquecer os objetivos que levaram Lula a promover a Cúpula de Países Árabes e América do Sul. O Brasil diversificou prudentemente suas relações internacionais tendo agora como maior parceiro comercial a China e não os EUA, com quem possui perigoso e crescente déficit comercial, além de ser um país que já promoveu sanções contra o Brasil por causa do Acordo Nuclear, por causa da Projeto Nacional da Informática, , sem esquecer, claro, o nefasto golpe militar de 64, confessamente apoiado pelo Departamento de Estado dos EUA.

O Brasil se afasta dos BRICS- parte III

A sinistra mensagem da Líbia

Refugiados líbios, proteção de civis pela OTAN

Enquanto o Itamaraty parece hipnotizado por uma relação de aproximação com os países que mais promovem intervencionismo militar unilateral e ilegal no mundo, nos círculos militares brasileiros se ouviu e se entendeu com clareza e concretude a ameaçadora mensagem enviada pelas grandes potências com a agressão à Líbia, inclusive, aplicando arbitrariamente, ao seu bel prazer, os termos da Resolução aprovada na ONU. Especialistas militares brasileiros já discutem em organismos superiores a abstração de uma visão política que não considera que a intervenção rapinadora sobre as riquezas da Líbia são também ensaios e testes para ações mais amplas e generalizadas que podem ser aplicadas contra todo e qualquer país que também possua riqueza energética e alguma posição independente no cenário internacional. O figurino não serve para o Brasil?

Tal como Kadafi, que se desarmou, que abandonou seu programa nuclear, que se aproximou perigosamente dos carrascos de seu próprio projeto de nação, e que não pode organizar uma linha estratégica de defesa em coordenação com países como Rússia e a China, o Brasil também desarmou-se unilateralmente durante o vendaval neoliberal. A indústria bélica brasileira foi levada ao chão praticamente, configurando-se, agora, um perigoso cenário: é possuidor de imensas reservas de petróleo descobertas, como também de urânio, de nióbio, de água, de biodiversidade, e , simultaneamente, não possuidor da mais mínima capacidade de defesa para controlar eficientemente suas fronteiras ou até mesmo a Baía da Guanabara como porta de entrada do narcotráfico internacional, cujas noticiadas vinculações com organismos como a Cia deveria merecer a preocupação extrema do Itamaraty.

Será que a robusta e impactante revisão pela Rússia e China de suas posições adotadas quando admitiram a agressão imperial contra a Líbia para uma nova postura de veto a qualquer repetição da fórmula líbia que a Otan confessa pretender aplicar contra a Síria não deveria alertar os formuladores da política do Itamaraty?

Da mesma forma que se ouviu estrondoso a acovardado silêncio itamaratiano quando um avião Drone dos EUA foi capturado, em dezembro pelos sistemas de defesa iranianos quando invadia ilegalmente o espaço aéreo do Irã, agora, repercute novo silêncio brasileiro diante das jorrantes informações de infiltração de armas e de mercenários da Al-Qaeda em território, como admitem autoridades de países membros da Otan. O que pretende o Itamaraty? Defender os direitos humanos dos mercenários da Al-Qaeda subvencionados por países como a Arábia Saudita e o Qatar, que já haviam violado a soberania da Líbia, com o conivente voto brasileiro na ONU?

Manifestações populares defendem posição da Rússia e da China

Que significado terá para o Itamaraty a gigantesca manifestação popular em Damasco para receber o Chanceler russo , Sergei Lavrov, e agradecer a posição da Rússia e da China contra qualquer intervenção militar na Síria? Não estará a própria Rússia saindo de uma fase de hipnose de anos que, baseada na insustentável credulidade em torno dos acordos de redução de arsenais firmados com os EUA, levou-a, de fato, apenas a um desarmamento unilateral enquanto os orçamentos militares norte-americanos multiplicam-se e já suplantam os orçamentos militares de todos os países do mundo somados?

O Brasil se afasta dos BRICS- parte IIII

BRICS

Que significa para o Itamaraty a contundente declaração do Primeiro Ministro da China, Hu Jin Tão, propondo uma aliança militar sino-russa, após advertir que os EUA “só entendem a linguagem da força”?

Enquanto o Brasil vota com os países intervencionistas contra a Síria, a Inglaterra eleva sua presença militar nuclear no Atlântico Sul e os organismo militares brasileiros, como já tinham detectado durante da guerra das Malvinas nos anos 80, percebem que não há suficiente e adequada capacidade de defesa nacional para as riquezas do pré-sal.

Naquela época, embora posicionando-se pela neutralidade, o Brasil assumiu uma posição de neutralidade imperfeita que não o impediu de dar ajuda logística e de material de reposição militar à Argentina em sua guerra contra o imperialismo inglês, ocasião em que Cuba também ofereceu tropas ao governo portenho para lutar contra a Inglaterra.

Compare-se com a posição atual no caso sírio. Será que é motivo de preocupação concreta para o Itamaraty, tendo como base o princípio sustentado pelo Brasil, de que quantidades indeterminadas de aviões drones dos EUA vasculham o território sírio, como anunciam autoridades norte-americanas, violando, portanto, sua soberania? Esta ingerência externa não merece posicionamento formal do Brasil na ONU? Mas, na rasteira filosofia dos dois pesos e duas medidas, o Brasil vota em aliança os países intervencionistas para intimidar o Irã em matéria de direitos humanos, mesmo quando a presidenta Dilma anuncia que todos têm telhado de vidro e que a discussão sobre os direitos humanos deve iniciar-se pela sistemática câmara de torturas que os EUA mantém na base de Guantânamo. Será que as palavras de Dilma não são ouvidas no Itaramaty?

O governo do Líbano já está adotando posições políticas, que incluem manobras militares, para evitar que suas fronteiras com a Síria sejam utilizadas pelas nações que estão patrocinando o armamento e a infiltração de mercenários, com o apoio ostensivo de países intervencionistas, com o objetivo de derrubar o governo de Damasco. O mesmo está ocorrendo na Turquia, inclusive, com a ocorrência de uma grande manifestação popular em cidade turca fronteiriça à Síria, em apoio ao governo de Damasco. Em Curitiba, a Igreja Ortodoxa realizou Missa de Ação de Graças, organizada pelas comunidade sírio-libanesa e palestina, em agradecimento à Rússia e a China, gesto parecido ao ocorrido em Brasília, quando a mesma comunidade levou flores e agradecimento à embaixada da Rússia no Brasil.

Partidos e sindicatos

Brasil Congresso Nacional

É importante que os partidos e sindicatos, sobretudo a aliança dos partidos progressistas e antiimperialistas que sustentam o governo Dilma, discutam atentamente as sombrias involuções da política do Itamaraty. Os militares brasileiros, certamente, já estão discutindo em seus organismos de estudo e planejamento, como indica a quantidade de textos e participações de autoridades militares brasileiras em audiências públicas e em publicações especializadas, sobretudo a partir da sinistra mensagem da Líbia. Enquanto o Brasil é alvo de uma guerra cambial desindustrializadora, como advertem membros do governo, enquanto especialistas militares advertem para o período de nosso desarmamento unilateral frente a nossas gigantescas e cobiçadas riquezas naturais, observa-se, enigmaticamente, um reposicionamento do Itaramaty distanciando-se não apenas dos princípios e posturas aplicadas mais acentuadamente durante o governo Lula, mas, distanciando-se também do conjunto de países com os quais vem construindo uma linha de cooperação para escapar dos efeitos da crise que as nações imperialistas tentam descarregar sobre a periferia do mundo.

Hillary - a sinistra

E aproximando-se dos sinais e valores impregnados nos discursos e atos da sinistra Secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, aquela que comemorou com uma gargalhada hienística quando viu as imagens de Muamar Kadafi sendo sodomizado e executado graças a informações prestadas pelos comandos militares dos EUA, conforme denunciou Vladimir Putin.

Ponto alto da campanha eleitoral de Dilma Roussef foi a declaração de Chico Buarque em defesa de sua candidatura porque com Lula e Dilma, disse ele, “o Brasil não fala fino com os EUA e não fala grosso com a Bolívia”. O que explicaria então esta enigmática e contraditória aproximação do Itamaraty com as posturas ingerencistas de Hillary Clinton com relação à Síria e ao Irã? Seria afastamento em relação à genial síntese feita pelo poeta e revolucionário Chico Buarque?

Beto Almeida

Membro da Junta Diretiva da Telesur

Ilustração e destaques: por MidiaCrucis

domingo, 19 de fevereiro de 2012

O Herói que Desafio os Credores.

África,
1987: “O discurso da dívida”

Thomas Sankara (então presidente revolucionário de Burkina Faso[1])
Na Conferência da Organização da Unidade Africana, Addis Abeba, Etiópia
http://www.youtube.com/watch?v=jvYM6cGuBo8&feature=related
Ver também18/2/2012, "Paralelismos: Sankara, o herói que desafiou os credores"
http://redecastorphoto.blogspot.com/2012/02/1622012-leonidas-oikonomakis-roarmag.html
Não
podemos pagar a dívida. E com isso não quero dizer que somos contra a moral, a
dignidade e o dever de cumprir nossa palavra. Quero dizer que a moral, a
dignidade e o dever de cumprir nossa palavra não são a mesma coisa entre os
ricos e os pobres. A Bíblia, o Corão, não podem servir do mesmo modo aos que
exploram os pobres e aos explorados. É preciso que haja duas edições da Bíblia
e duas edições do Corão.
Não podemos aceitar que nos deem lições de dignidade. Que elogiem os que pagam
as dívidas, e desqualifiquem os que não pagam, que nos digam que os que não
pagam não merecem confiança. Ao contrário disso, devemos dizer que, hoje, os
maiores assaltantes são os mais ricos, e que isso é visto como normal. Porque
um pobre, quando rouba, comete pequeno crime, um pecadilho. Trata-se de
sobreviver, de necessidade. Mas os ricos, quando roubam, têm autoridade fiscal,
ou roubam na Alfândega. São os que exploram o povo.
Senhor presidente, minha ideia aqui não é provocar, nem fazer espetáculo.
Apenas digo aqui o que todos nós pensamos e desejamos. Quem aqui não deseja que
essa dívida seja simplesmente cancelada? Quem não desejar que essa dívida seja
cancelada, que tome seu avião é vá pagá-la imediatamente, ao Banco Mundial!
Tampouco desejo que pensem que a proposta de Burkina Faso é ideia saída da
cabeça de jovens inexperientes e imaturos, ou que a ideia de não pagar a dívida
seja ideia só dos revolucionários. Digo que a proposta de não pagarmos a dívida
é proposta objetiva, e é nossa obrigação. E posso citar muitos exemplos de
outros que também disseram que não paguemos a dívida, revolucionários e não
revolucionários, jovens e velhos.
Cito, por exemplo, Fidel Castro, que já disse que não paguemos. É
revolucionário, como eu; e mais velho que eu. Mas posso citar também François
Mitterand, que também disse que os países africanos, os países pobres, não
podem pagar a dívida. Posso citar a senhora primeira-ministra. Não sei quantos
anos tem e não perguntarei, mas é mais um exemplo. Posso citar também o
presidente Felix Houphoüet-Boigny, que não é tão jovem e declarou,
oficialmente, publicamente, pelo menos em relação ao seu próprio país, que a
Costa do Marfim não pode pagar a dívida. Ora, a Costa do Marfim classifica-se
entre os países mais ricos da África, ou pelo menos da África ‘francófona’. Por
isso também, a Costa do Marfim paga contribuição maior aqui [risos].
Mas, senhor presidente, não falo para provocar. É preciso que os senhores nos
ofereçam melhores soluções. Gostaria que nossa conferência adotasse como
resolução muito necessária, uma declaração de que não podemos pagar a dívida. E
que seja resolução conjunta, não declarações individuais.
É importante que assim seja, para que não nos exponhamos a ser assassinados. Se
Burkina Faso permanecer sozinha, como único país que se recusa a pagar a
dívida, eu não estarei aqui, na nossa próxima Conferência. Mas se, ao
contrário, obtivermos aqui o apoio de todos, de que eu tanto preciso,
conseguiremos não ser obrigados a pagar.
Se conseguirmos não pagar essa dívida, poderemos aplicar nossos pequenos
recursos ao nosso próprio desenvolvimento.
Para terminar, quero dizer que cada vez que um país africano compra uma arma, é
arma que será usada contra outro africano. Não será usada contra europeu nem
contra país asiático. Será usada contra africanos. Portanto, temos de tirar
vantagem da questão da dívida, para lançar, para encaminhar alguma solução para
o problema das armas. Sou militar e ando armado. Mas, senhor presidente, sei que
o desarmamento é questão inadiável. Eu ando armado, com a única arma que tenho.
E muitos têm um arsenal escondido em casa. Assim, queridos irmãos, com o apoio
de todos, conseguiremos ter paz em casa.
Também conseguiremos usar as imensas potencialidades da África para desenvolver
a África. Nosso solo é rico. Nosso subsolo é rico. Temos braços e temos um
vasto mercado, do norte ao sul e de leste a oeste. Temos capacidades
intelectuais para criar ou, no mínimo, para usar todas as tecnologias e
ciências, onde quer que as encontremos.
Senhor presidente, façamos dessa Conferência de Addis Abeba uma frente unida contra
o pagamento da dívida. Façamos dessa Conferência de Addis Abeba uma frente unida
para limitar o comércio de armas entre os países pobres e fracos. Os porretes e
facões que se compram por toda parte são inúteis.
Façamos também dessa Conferência uma frente a favor do mercado africano, a
favor do mercado para os africanos. Produzir na África, transformar na África e
consumir na África. Vamos produzir o que nos falta, e consumir nossa produção,
em vez de importar tudo.
Burkina Faso aqui está para apresentar os tecidos de algodão que nós mesmos estamos
produzindo. Algodão plantado em Burkina Faso, tecido em Burkina Faso, modelado
e costurado em Burkina Faso, para vestir os burkinabeses. Minha delegação e eu aqui
estamos, vestidos por nossos tecelões
camponeses. Não há aqui um único fio importado da Europa ou dos EUA. Mas
não estou aqui para apresentar desfile de modas. Queria dizer apenas que temos
de aprender a viver à africana, porque não há outro meio para vivermos livres e
com dignidade.
Agradeço a atenção, senhor presidente. Pátria ou morte! Venceremos!
[1] Thomas Sankara [1949-1987] foi
assassinado três meses depois desse discurso. Lê-se sobre ele, em Mathaba.net: “Thomas
Sankara liderou, entre 1983 e 1987, uma das revoluções mais radicais e
criativas que a África produziu em décadas. Sankara inaugurou uma trilha que
outros países africanos poderiam seguir, genuína alternativa à modernização
conservadora do continente. Como outros líderes africanos radicais, Sankara foi
assassinado. O homem que o matou continua no poder, há 24 anos, sempre apoiado pelo
ocidente” (em http://www.mathaba.net/www/black/sankara.shtml
[traduzido]).

Fonte: Vila Vudu

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Tragédia em Honduras

Carta de Repúdio à tragédia na penitenciária de Comayagua e a violação sistemática de direitos humanos em Honduras Fazemos pública esta carta, com profundo pesar, para manifestar nossa solidariedade ao povo hondurenho, em especial aos familiares e amigos dos mais de 400 mortos no trágico incêndio que destruiu a Colônia Penal de Comayagua na manhã desta quarta-feira, 15 de Fevereiro de 2012. Nosso luto se soma ao de vocês! Esta nova tragédia chega para somar-se a outras que insistem em assolar os segmentos mais vulneráveis do povo hondurenho. Não é a primeira vez que a população carcerária do país – em sua maioria pobres, indígenas, negros ou imigrantes - torna-se vítima de brutalidades como as de hoje: mais de 400 mortos, coletivamente queimados, por incapacidade, ineficiência e omissão de um Estado que não é capaz de garantir a segurança daqueles que coloca sob custódia. É preciso responsabilizar o governo ilegítimo de Honduras - fruto de um golpe econômico-militar - pelos lamentáveis incidentes ocorridos em Comayagua hoje. A escalada da militarização experimentada pelo povo hondurenho desde o golpe de estado de junho de 2009, acompanhada de uma criminalização e repressão aos movimentos sociais, já apontava para esta política belicista e violadora dos Direitos Humanos. As perseguições, assassinatos e brutais violações que se sucedem em locais como Bajo Aguan, onde camponeses, mulheres e membros de movimentos sociais sofrem uma repressão sem limites, são exemplos da política cruel imposta desde o golpe econômico-militar que segue castigando os defensores de uma Honduras verdadeiramente livre e promotora dos direitos dos povos e da natureza.Exigimos do governo de Honduras que ponha fim imediatamente a suas políticas repressivas e violadoras dos direitos humanos, incluindo a prática de conluio entre os agentes do Estado e os interesses corporativos privados. Exigimos assim mesmo, que se ponha fim à impunidade: que se processe os responsáveis pelos crimes contra o povo empobrecido de Honduras, independentemente das posições que ocupam no Estado ou na sociedade. No dia de amanhã, 17 de Fevereiro de 2012, inicia-se o Encontro Internacional de Direitos Humanos e de Solidariedade à Honduras, com a participação de centenas de representantes de redes e movimentos sociais dos mais diversos países da América Latina e do Caribe e do mundo inteiro. O encontro estava previsto desde meses atrás e agora, lamentavelmente, será marcado pela tristeza e perplexidade diante de mais este brutal e covarde ataque aos segmentos mais sofridos da sociedade hondurenha. Desde já, chamamos a atenção do governo de Honduras sobre sua responsabilidade caso qualquer violência, dano ou intimidação aconteça com os participantes de nosso encontro. Finalmente declaramos à comunidade internacional e em especial aos governos dos países de nossa América, que a sociedade civil e os defensores de Direitos Humanos em todas as partes do mundo não podem se calar diante do que está acontecendo em Honduras. É preciso por fim imediato às políticas repressivas e violadoras dos direitos humanos, incluindo a prática de colaboração entre os agentes do Estado e os interesses corporativos privados. É preciso responsabilizar os culpados pelos massacres, levá-los a justiça e permitir que o povo hondurenho exerça seu direito a uma sociedade livre e democrática, sem golpes militares nem imposições de modelos econômicos que mantêm a maioria de sua população na pobreza extrema e exclusão política.

Fonte: PCB (Partido Comunista Brasileiro)

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Governo Russo, tem apoio parlamentar sobre a Síria

Parlamento russo apoia Governo pela posição a respeito da Síria
Duma envia documento à ONU e a outras organizações internacionais
11/02/2012 10h23



A Duma, Câmara Baixa do Parlamento russo, aprovou uma resolução de apoio ao governo pela posição manifestada em relação à Síria, defendendo a não intervenção militar externa naquele país. Os parlamentares afirmam no documento que o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas não deve apoiar nenhuma das partes em conflito na Síria (governo e oposição), mas sim incentivá-las ao entendimento, que poderia vir a ocorrer em terreno neutro.

O documento faz menção também a que não se repitam os fatos verificados na Líbia, nos quais, de acordo com o entendimento russo, a ação militar das tropas da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte) excederam em muito os termos aprovados pelo Conselho de Segurança da ONU.

A resolução aprovada pela Duma está sendo enviada ao Presidente Dmitri Medvedev, ao secretário-geral da ONU, Ban-ki-moon, e a diversas organizações internacionais.

Fonte: diarioda russia-online

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Telhado de vidro.

O 33 aniversário da Revolução Islâmica no Irã.



Há 33 anos, num 11 de fevereiro, a Revolução Islâmica sacudia as estruturas retrógadas da sociedade do Irã, derrubava a ditadura pró-imperialista do Xá Reza Pahlevi e, sob a direção do Aiatolá Khomeini, com tremendo apoio popular, a ponto da constituição de milícias armadas e com a incorporação de mulheres - com chador e tudo - dava início a um período de significativas transformações sócio-econômicas e políticas, apesar de todas as hostilidades, agressões militares, sanções econômicas e manipulação informativa que só comprovam com este processo revolucionário incomoda profundamente o império.

Só com forte apoio popular é possível suportar e vencer o cenário hostil que a Revolução Islâmica teve que enfrentar. As agressões foram de vários tipos. Quando agora em dezembro um avião não tripulado dos EUA , tipo drone, invadiu ilegalmente o espaço aéreo iraniano e foi - com absoluta legitimidade - capturado por meio de uma tecnologia de controle remoto que os norte-americanos não calculavam existir, um simbolismo imenso surgiu diante do Pentágono. Os Eua enviam naves ao espaço sideral, mas não puderam impedir que o controle remoto sobre o drone lhe fosse tomado por aquilo que foi construído em 33 anos de desenvolvimento tecnológico independente.

Ou seja, nestes 33 anos de revolução iraniana, a nação persa adquiriu soberania tecnológica em vários setores, a despeito das agressões e dos boicotes. Ou, exatamente por causa deles, foi obrigada a contar com suas próprias pernas. Hoje, o Irã possui a esmagadora maioria de seus cientistas na idade média de 30 anos dirigindo projetos de excelência tecnológica, entre as quais, a que lhe confere um dos mais avançados programas espaciais do mundo, estando previsto, ainda para 2012, o lançamento de uma nave tripulada ao espaço sideral.

Analfabetismo é um telhadão de vidro

Só para contextualizar um pouco, vale mencionar que o Brasil, denominado a 6 economia do mundo, não tem ainda qualquer previsão para alcançar a maioridade em matéria de tecnologia espacial. Aliás, não há nem mesmo sequer previsão sobre quando eliminará o analfabetismo, o que a Bolívia, a mais frágil economia do continente, já alcançou, sob o comando de um índio que, na infância, vivendo no norte da Argentina, foi condenado como inepto para a leitura e a escritura. Os telhados de vidro mencionados pela Presidenta Dilma em Cuba, analisando com coragem a hipocrisia que cerca o debate sobre direitos humanos, vale também para outras áreas da política, como o desenvolvimento científico-tecnológico.

Praticamente toda a tecnologia da potente indústria petroleira do Irã foi nacionalizada e está sob o comando de 100 por cento de técnicos iranianos, formados nas modernas universidades que se multiplicaram no país como efeito da Revolução Islâmica de 11 de Fevereiro de 1979. Vale relembrar: 70 por cento dos universitários do país são mulheres, quando na Arábia Saudita as mulheres são proibidas do voto, de dirigir automóveis e são punidas com a degola. Mas, a mídia imperial silencia sobre os podres do aliado. Desde a Revolução Islâmica, nenhuma iraniana foi punida com a pena de apedrejamento, apesar de todo o dilúvio de mentiras que se lança sobre Sakhine, cidadã iraniana condenada pelo assassinato do marido - o que é crime em qualquer parte do mundo - mas apresentada ao mundo, cotidianamente, como se tivesse sido condenada ao apedrejamento por adultério.

Dilúvios de mentiras

Os dilúvios de mentiras contra o Irã são cortinas de fumaça para que não sejam desnudados os verdadeiros interesses imperialistas na região: fortalecer Israel a qualquer custo, impedir o desenvolvimento econômico e tecnológico de um país do porte do Irã, com 70 milhões de habitantes, e, por fim, rapinar o petróleo persa, tal como se fez na Líbia, mediante sanguinária ocupação da Otan, com o apoio de uma certa esquerda otanista na Europa.

O progresso do país deve-se fundamentalmente à nacionalização dos setores fundamentais da economia, a começar pelo petróleo, medida adotada ainda sob a direção de Aiatolá Khomeini. Com significativa presença do estado na economia, políticas públicas foram consolidadas nestes 33 anos de Revolução levando a nação persa a praticamente ter erradicado o analfabetismo que na época da ditadura do Xá alcançava mais de 90 por cento da população. O salto educacional e cultural do Irã neste período é digno de nota. Com a expansão universitária, a multiplicação de centros científicos, o Irã tem hoje indústria própria nos setores de automobilismo, aeronáutica, armamentos, navegação, ferrovias, tratores, setor petroquímico, farmacêutico.

Humanismo e estratégia comunicativa

No plano da cultura, deve-se refletir acerca das repetidas premiações do talentoso cinema estatal iraniano, prêmios alcançados apesar da hostilidade midiática ocidental, da hegemonia esmagadora de Hollywood, e da ditadura da estética da mediocridade a que a humanidade está submetida. O cinema iraniano pensa o gênero humano, convida a refletir sobre causas nobres, promove a delicadeza do olhar, da sonoridade, de uma plástica que acaricia o pensamento e eleva a capacidade inteligente. Conquista também da Revolução Islâmica. Se os iranianos fazem bom cinema, provavelmente poderão fazer também boa televisão: para comunicação com o mundo, nasceu a HispanTV, canal iraniano de tv em espanhol, indicando visão estratégica por lá. Na Era Vargas, que o FHC tentou destruir, a Rádio Nacional era a terceira mais potente emissora do mundo, irradiava em 4 idiomas, chegava aos quatro cantos do mundo. Ainda hoje, a TV Brasil não pode ser sintonizada plenamente nem em toda a cidade de Brasília.

É isto e muito mais o que se pretende esconder e destruir por meio de sanções, pela agressão militar do Iraque, quando Sadam esteve fazendo o serviço sujo para os EUA. E é isto o que se pretende demolir também com os sinistros atentados, os assassinatos de renomados cientistas, e com a acusação de que o Irã é um perigo nuclear para a região e o mundo. Ora, o Irã nunca agrediu nenhum país, ao contrário de Israel que agrediu e foi derrotado no Líbano, do próprio Iraque antes, da Arábia Saudita e do Qatar, que participaram da agressão à Líbia, sob as bênçãos da esquerda otanista, que ainda hoje aplaude a TV Al-jazeera , mesmo que a emissora tenha sido totalmente tragada pela indústria petroleira dos EUA.

Israel tem 300 ogivas e acusa o Irã?

Israel , com 300 ogivas nucleares, brada que o Irã é que é o perigo para a humanidade. Ao contrário, o Irã é um berço da humanidade, ali se elaborou a primeira carta de direitos humanos universais que nossa civilização tem notícia, inscrita no Cilindro de Ciro.

Em seu discurso na Assembléia Geral das Nações Unidas, o presidente Mahmud Armadinejad, fez proposta límpida e cristalina, até hoje escondida e sonegada á humanidade pelos meios de desinformação do capital: Energia Nuclear para todos, Armas Nucleares para Ninguém!!!! A criminosa hipocrisia dos países super-armados, mas que se esforçam para impedir que esta informação circule dá a medida dos planos sinistros que se preparam contra a nação persa, já postos em marcha, com agressões externas encobertas, contra a Síria. Mas, o alvo é outro.

Telhado de vidro

As relações entre Brasil e Irã progrediram muito durante o governo Lula. É bem verdade que houve um voto matreiro do Brasil na ONU aliando-se à hipócrita campanha dos direitos humanos e que teve como alvo o Irã, autorizando o país que mais carnificina faz a seguir com suas sanções e pressões contra os persas. No entanto, é bem provável que algo esteja sendo rediscutido com mais realismo no Itamaraty quando o tema é direitos humanos. Com mais de cem homicídios em poucos dias de greve da PM na Bahia, com novo assassinato de jornalista no Estado do Rio de Janeiro, é preciso avaliar com mais rigor e concretude o tema direitos humanos. Especialmente após a Presidenta Dilma ter lembrado que, nesta matéria, todos têm telhado de vidro, o que na prática, desautoriza o próprio voto brasileiro na ONU contra o Irã, logo no início do governo.

*Beto Almeida

Presidente da TV Cidade Livre de Brasília

Fonte: Patria Latina- online

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Porque os ricos riem?

Porque os banqueiros riem

Nas últimas semanas, o Centro da cidade do Rio de Janeiro foi propagandeado pelo Sindicato dos Bancários com a colagem de uma fotografia onde estão os banqueiros Roberto Setúbal, dono do ItaúUnibanco e Pedro Moreira Salles, que teve de entregar o Unibanco para o Itaú, para não perder os dedos..., sorrindo.

E o nosso Sindicato se pergunta, "De que eles estão rindo?".

Nós, da Unidade Classista, achamos que os banqueiros, e não somente os da foto, tem motivos de sobra para rir.

Assim, sem muito esforço, dá para enumerar alguns dos motivos pelos quais os banqueiros riem. Vamos lá, do geral para o particular, como muitos daqueles que estão hoje à frente do Sindicato aprenderam no passado.

1) A crise internacional, com seu epicentro nos Estados Unidos, passou ao largo dos cofres de Wall Street. O governo Obama tratou de aliviá-los, emprestando dinheiro do povo estadunidense para que os bancos não quebrassem, bem assim como as montadoras de automóveis. Por isso os banqueiros riem. Tinha gente morando dentro de seus automóveis, em estacionamentos de supermercado, mas os bancos continuaram a distribuir bônus para seus executivos. E continuam sorrindo até hoje.

2) Na Europa, direitos trabalhistas seculares estão sendo tomados dos trabalhadores, principalmente nos "primos pobres" , isto é, Portugal, Espanha, Grécia. Mas não há notícia de quebra de bancos. Lá, também, os banqueiros continuam seu festival de sorrisos.

3) E aqui, nesta pátria amada idolatrada ? Bem aqui, os banqueiros contam com as benesses do poder público desde sempre. Seja com FHC, com Lula, com Dilma. Desde os dias de apogeu do neoliberalismo, com o PROER, até hoje, com os dois governos petistas, com absoluta independência do Banco Central, que se omite quanto às tarifas exorbitantes cobradas pelos bancos, com os juros astronômicos do cheque especial, e, com a cereja do bolo, as taxas Selic nas nuvens, beneficiando largamente o capital financeiro.

4) E para concluir, os banqueiros, do Itaú, do Bradesco, dos bancos estrangeiros, riem às gargalhadas, porque diante deles encontram um movimento sindical capitaneado pela CONTRAF/CUT dócil e submisso aos seus caprichos, totalmente embriagado pela ideia de negociar, conciliar, fugindo permanentemente da luta, fazendo greves que somente aparecem no Centro das cidades, seja no Rio ou em São Paulo, levando a categoria bancária constantemente para falsas conquistas. E aí, em pleno outono, quando os banqueiros cumprindo seu papel de exploradores da mão de obra dos bancários, demitem em massa, nossos dirigentes sindicais enchem a cidade com cartazes perguntando de que riem os banqueiros. Riem dessas centrais sindicais que se apelegaram, que se acostumaram às migalhas do poder centralizado em Brasília, que não se inibem em usufruir das "boquinhas" do poder.

5) E por último: vamos parar com a hipocrisia. Os donos do poder, no Sindicato dos Bancários, sabem porque os banqueiros riem, e , no fundo, no fundo, fazem coro com os sorrisos dos patrões.

Fonte: avante bancário -online

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Blogueira e Millenium, tudo haver

Blogueira Yoani Sánchez é colaboradora do Instituto Millenium
Blogueira cubana integra grupo de colaboradores do instituto financiado pelos grupos midiáticos Estado de São Paulo, Abril e RBS, entre outras empresas, para defender valores liberais no Brasil. Na página da entidade, Yoani Sánchez desfruta a companhia de articulistas como Reinaldo Azevedo, Denis Rosenfield, Ali Kamel, Merval Pereira, Marcelo Madureira, Carlos Alberto Sardenberg e Carlos Alberto Di Franco, um dos integrantes mais ilustres da Opus Dei no Brasil.
Redação
A blogueira cubana Yoani Sánchez é colaboradora do Insituto Millenium, entidade financiada por um grupo de grandes empresas de comunicação (Estado de São Paulo, Abril e RBS) e de outros setores (Gerdau, Vale, Suzano, entre outras), para defender os valores liberais no Brasil. Entre eles, segundo informa o site da entidade, destacam-se a eficiência, a economia de mercado, a responsabilidade individual, a propriedade privada e a meritocracia.

Apresentada como webmaster, articulista, editora do portal “Desde Cuba” e criadora do site “Generación Y”, Yoani Sánchez faz parte do seleto grupo de colaboradores do Millenium que reúne nomes como Reinaldo Azevedo, Denis Rosenfield, Ali Kamel, Merval Pereira, Marcelo Madureira, Carlos Alberto Sardenberg e Carlos Alberto Di Franco, um dos integrantes mais ilustres da Opus Dei no Brasil.

Apesar de se apresentar como “apartidário”, o Instituto Millenium teve uma participação ativa na campanha presidencial de 2010 no Brasil. Em março daquele ano, em seminário promovido pelo instituto em São Paulo, representantes de grandes empresas de comunicação do país afirmaram que o PT é um partido contrário à liberdade de expressão e à democracia e que, se Dilma fosse eleita, o “stalinismo seria implantado no Brasil”. “Então tem que haver um trabalho a priori contra isso, uma atitude de precaução dos meios de comunicação. Temos que ser ofensivos e agressivos, não adianta reclamar depois”, disse na época o ex-cineasta Arnaldo Jabor.

Fonte: Carta Maior



















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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Liberdade para os Cinco Heróis cubanos

Comitê Internacional e organizações parceiras preparam novas ações para pedir liberdade dos Cinco

Natasha Pitts
Jornalista da Adital
Adital

Neste mês de fevereiro não o dia 5 (pois é um domingo e a Casa Branca não funciona), mas o dia 6 será reservado para mobilizações globais pela liberdade dos cinco cubanos. Assim como vem acontecendo todos os meses, o Comitê Internacional pela Liberdade dos Cinco chama a população a pressionar o presidente estadunidense Barack Obama a libertar imediatamente René González, Gerardo Hernández, Fernando González, Ramón Labañino e Antonio Guerrero.

É possível entrar em contato com o presidente Obama por telefone (202-456-1111), por fax (202 456-2461), pelo correio (Presidente Barack Obama, The White House, 1600 Pennsylvania Avenue, NW Washington, DC 20500), por e-mail (president@whitehouse.gov) ou clicar neste linkque leva ao site da Casa Branca.

De acordo com o Comitê Internacional, em janeiro, as manifestações se fizeram sentir com mais força que nunca. Os impactos foram sentidos por meio da grande quantidade de mensagens no Twitter e das ligações telefônicas, de dentro e fora dos Estados Unidos, para a Casa Branca. Neste mês, a intenção é que a ação seja ainda mais intensa.

Em janeiro, o Comitê lançou a campanha ‘Obama, dá-me os cinco’, em referência ao gesto de unir as mãos e pedir ao presidente que liberte os cubanos, presos injustamente há 13 anos. A campanha, que distribuiu centenas de folhetos e cartazes impressos e virtuais, recebeu o apoio de várias entidades e organizações. Entre elas o Instituto Internacional de Estudos Políticos Cinco Heróis (Venezuela), que imprimiu 10 mil cartazes para divulgar a campanha, o Sindicato de Trabalhadores Postais do Canadá e o Sindicato dos Rotativistas de Paris, que se comprometeram com a impressão de 50 mil folhetos em inglês e espanhol.

Além dessas ações também está prevista a distribuição de panfletos com a imagem dos cinco pelas ruas dos Estados Unidos, assim como a instalação de banners e fotografias gigante. As ações serão acompanhadas de conferências, apresentações de documentário, mesas de informação em locais públicos, entre outras atividades.

Também da Itália estão chegando os ecos da solidariedade. O Círculo de Roma da Associação Nacional de Amizade Itália-Cuba convocou sua população a participar de uma campanha em favor do retorno imediato dos cinco cubanos. Na madrugada do dia 4 para 5, a partir da meia noite, na Piazza del Popolo, terá início uma atividade de panfletagem e conscientização junto a turistas e moradores locais.

Os constantes apelos ao presidente Barack Obama se devem ao fato de que não há mais como recorrer na justiça pedindo a liberdade e o retorno dos cinco a Cuba. Apenas uma decisão presidencial poderia dissolver as penas injustas que vão de 15 anos de reclusão até o cumprimento de duas cadeias perpétuas, como é o caso de Gerardo.

Atualmente, quatro dos cinco cubanos se encontram presos. Apenas René já cumpriu seu período na prisão, contudo, ainda assim, não pode retornar para seu país. René, que saiu da prisão em 7 de outubro de 2011, é obrigado a permanecer nos Estados Unidos por três anos sob liberdade supervisionada.

Em 1998, os cinco estavam em solo estadunidense monitorando organizações terroristas anticubanas com o objetivo de prevenir sobre prováveis ações criminosas contra seu país, quando foram presos acusados de espionagem e de atentar contra a segurança dos Estados Unidos.

Para mais informações acompanhe o site: www.thecuban5.org

Fonte: Adital online

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O "País" mais Democrático do Mundo, não aceita questionamentos

Estados Unidos

Nova jornada repressiva nos EUA contra fórum pacífico Occupy Oakland



Washington, (Prensa Latina) Cerca de uma centena de manifestantes pacíficos do movimento Occupy Oakland (Ocupar ou Ocupemos Oakland, em português) permaneciam neste domingo (29) detidos nessa cidade californiana, depois que policiais estadunidenses reprimiram com violência uma manifestação do grupo.

A marcha organizada pelos chamados indignados pretendia ocupar neste sábado um edifício vazio na cidade da Califórnia, mas a iniciativa foi recusada por uma violenta ação dos uniformizados levando umas 300 pessoas presas.

Em imagens transmitidas em blogs de imprensa independente podia ver-se dúzias de manifestantes sentados com as pernas cruzadas, em atitude inofensiva, em frente ao Centro de Convenções Henry J. Kaiser, que se encontra desabitado.

Segundo o Departamento Policial de Oakland, os agentes da ordem pública tiveram que responder com gás lacrimogêneo e balas de borracha porque alguns ativistas da organização lhes lançaram "tubos de metal, latas de aerosol, e pequenos pedaços de madeira."

Occupy Oakland é a divisão californiana do fórum Occupy Wall Street (OWS), que desde setembro de 2011 iniciou um ciclo de protestos populares sem precedentes contra a desigualdade social e econômica nos Estados Unidos e para denunciar as arbitrariedades do sistema financeiro.

No final de 2011, forças policiais também desmantelaram acampamentos de protestos cívicos em Los Angeles e na Philadelphia, como continuidade das jornadas repressivas e de fustigamento contra o movimento pacífico nacional.

Esquadrões antimotim apresentaram-se pela madrugada na praça City Hall californiana e tiraram à força os voluntários do OWS. Uma operação similar foi levada a cabo na Philadelphia, onde os uniformizados prenderam 40 pessoas depois de desalojar o parque público Dilworth Plaza.

Desde o verão passado, quando começaram as marchas em Nova York, diferentes corpos de segurança dos Estados Unidos agem sem escrúpulos contra os partidários do Occupy, quem foram intimados com cassetetes ou gás de pimenta. Desde sua página oficial na Internet, o movimento OWS chamou seus simpatizantes a continuar os protestos de todas as maneiras possíveis.

"Eles podem desalojar uma área, mas não podem desterrar uma ideia à qual lhe chegou seu momento de se multiplicar", sublinhou a declaração.

As manifestações começaram nos Estados Unidos como uma réplica dos chamados indignados espanhóis e em protesto contra a avareza financeira corporativa e o descontrolado poder dos grandes bancos, que exploram - asseguram - 99% da população estadunidense.


Fonte: Patria Latina- online

Pequenos colombianos, vitimas

Pequenos colombianos, vitimas
O Mercado, não vê indigência

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