A Missão da ONU e o Governo Lula
O golpe de 2004 no Haiti chega a ser mais escandaloso do que foi o golpe de 2002 na Venezuela em que Chávez ficou seqüestrado por 3 dias. Não foi um golpe de militares haitianos patrocinados pelos EUA. Foi um golpe executado diretamente por militares estadunidenses! E no contexto de então, em que Bush se via confrontado com a maior mobilização global da história, de milhões de pessoas nas ruas, em todos os cantos do mundo, contra a guerra do Iraque, Washington não podia deixar parecer que estava começando outra guerra na América Central, numa ilha a duas braçadas de Cuba e da Venezuela!Era importantíssimo para os EUA que a ocupação militar no Haiti tivesse a aparência de uma “missão de ajuda”, uma “missão de paz”. Para isso precisavam que um país não-imperialista, de “ficha limpa”, chefiasse as tropas da ONU. E o Brasil caiu como uma luva, pois tinha como presidente recém-eleito uma figura respeitada pelos movimentos de esquerda em todos os países: Lula.
Lula, que já vinha seguindo à risca a orientação de Washington no Brasil (alianças com a burguesia, contra-reforma da previdência, subsídios ao latifúndio, aumento do superávit primário para o pagamento da dívida externa, etc.) não pensa duas vezes. E argumenta que isso ajudará o Brasil a conquistar um acento permanente no genocida Conselho de Segurança da ONU!
Os trabalhadores brasileiros não elegeram Lula para conseguir uma vaga pro Brasil num conselho que decide qual país deve ser invadido militarmente, muito menos para participar de uma dessas invasões militares! Mas Lula é inteligente e faz forte propaganda sobre a “missão de paz” da ONU. Organiza inclusive um jogo amistoso da seleção brasileira contra a seleção haitiana no Haiti em Agosto de 2004. É chamado de “o jogo da paz”. O Brasil vence por 6 a 0.
Nós organizamos abaixo-assinados antes e depois do envio das tropas. Milhares de assinaturas dirigidas a Lula dizendo: “Não envie as tropas!”; “Retire as tropas!”. Mas o governo não deu bola. E não dará bola até que haja uma exigência das massas. Voltaremos a isso mais adiante.
A MINUSTAH (Missão das Nações Unidas pela Estabilização no Haiti) conta com a participação de tropas dos seguintes países:
Efetivos militares: Argentina, Benim, Bolívia, Brasil, Canadá, Chile, Croácia, Equador, Espanha, França, Guatemala, Jordânia, Marrocos, Nepal, Paraguai, Peru, Filipinas, Sri Lanka, Estados Unidos e Uruguai.
Forças policiais: Argentina, Benin, Burkina Faso, Camarões, Canadá, Chade, Chile, China, Colômbia, Egito, El Salvador, França, Granada, Guiné, Jordânia, Madagascar, Mali, Maurícia, Nepal, Níger, Nigéria, Paquistão, Filipinas, Romênia, Federação Russa, Ruanda, Senegal, Serra Leoa, Espanha, Togo, Turquia, Estados Unidos, Uruguai, Vanuatu e Yêmen.
Notem que além do Brasil, há tropas de outros países da América do Sul cujos presidentes foram levados à vitória eleitoral como expressão da luta por mudanças das massas trabalhadoras em seus países: Bolívia de Evo Morales, Chile de Bachelet, Paraguai de Lugo, Uruguai de Vasquez e Equador de Rafael Correa!
Todos cumprindo um papel asqueroso a mando do imperialismo, enviando tropas, usando recursos materiais e humanos para reprimir e assassinar o povo pobre e sofrido do Haiti. Além do cubano Fidel, apenas Chávez se posicionou contra a ocupação do Haiti. Mas não é pra menos, há uma revolução em curso na Venezuela!
No início a ONU anunciou uma missão de 6 meses. Depois foi prorrogada até que houvesse eleições. Depois de muitos adiamentos, houve eleições em 2006, mas Aristide – o presidente de fato eleito pelo povo, exilado na África do Sul – estava e permanece impedido de regressar ao Haiti! Préval acabou eleito novamente.
Agora já há presidente “eleito” – imposto. E as tropas continuam lá! A ONU argumenta que sem as tropas lá as gangues de narcotraficantes e seqüestradores afundariam o país no caos novamente. Mas isso é falso!
Fonte: PCB-online (parte de um artigo)
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